A política não é o substituto do evangelho
Qual deve
ser o envolvimento do cristão com a política, notadamente a politica
partidária?
Pelo menos
duas respostas já foram dadas a este questionamento.
A primeira é
que o cristão deve estar em todas as áreas da sociedade. Que deve conquistar
tudo para a glória de Deus, até mesmo a política.
Neste
sentido, uma vez no poder, ele deve lutar para implementar todas as reformas
necessárias que se adequem àquilo que considera uma concepção cristã de vida. Há cristãos inclusive que desejariam a
implementação da religião cristã como oficial, o que, pelo menos na presente
ordem constitucional não seria possível.
A outra
posição é a que diz que nós não temos
que estar envolvidos em cargos de poder político. Os que defendem tal
posicionamento dizem que Jesus ensinou que seu reino não era deste mundo. Que só
deveríamos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Que Jesus foi
tentado pelo diabo com os reinos deste mundo, e que o inimigo de nossas almas não
estava mentindo nem blefando quando se intitulou como governador deste mundo. Resumindo:
tais cristãos entendem que política mesmo é do diabo!
Entre tais
concepções extremas há toda sorte de pensamentos.
Uns dizem
que a igreja (nenhuma delas) deve estar institucionalmente envolvida com a
política partidária, mas que cristãos que se sentirem vocacionados podem e
devem se envolver com a política para assegurarem pelo menos a consecução de
princípios que se coadunam com inspirações de justiça, igualdade, proteção dos
mais fracos, etc.
Independentemente
qual seja a posição que o cristão assuma quanto a esta questão, ele não poderá
se esquivar do fato de que Jesus deu à igreja a missão de pregar o evangelho. Ele
não disse: ide e conquistai o poder em meu nome. Ele disse: ide e pregai o
evangelho a toda criatura. A política, quando muito, só promove uma conformação
exterior do cidadão à norma. O evangelho visa transformar o ser humano de
dentro para fora. A política visa normas que devem ser aplicada a todos. O evangelho
visa pregar a todos, mas reconhece que muitos irão rejeitá-lo. Portanto, não
podemos confundir a política com o evangelho.
Cristãos que
se envolvem com a política precisam tomar cuidado para não envergonharem o
evangelho. É uma posição pública e todo cuidado é pouco. Meu temor é que a
atuação de evangélicos na política possa estar atrapalhando, ao invés de
ajudar, o testemunho da igreja neste país. Se o mau testemunho de um crente
pode atrapalhar, ainda mais o mau testemunho de um crente na política.
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