O que é pneumatologia?
Pneumatologia é o
capítulo da teologia sistemática que estuda a pessoa do Espírito Santo e as
suas obras.
A palavra é formada
pelos termos “pneuma” (vento) e “logos” (discurso). É o estudo sistemático da
pessoa do Espírito Santo conforme demonstrado nas Sagradas Escrituras e na
tradição cristã.
Desde os primórdios
da teologia cristã houve muitas controvérsias acerca do que seria o Espírito
Santo. Seria tão somente outra forma de nomear a atuação de Deus? Ou algum tipo de força ou energia divina, ou ainda uma pessoa? E, se fosse
considerado uma pessoa, seria divina ou não, Criador ou criatura?
As primeiras
controvérsias da teologia cristã se deram em relação à pessoa de Deus
propriamente dito. Mestres gnósticos costumavam ser dualistas e dizer que o mundo
tinha sido criado por um deus mal. O Deus bom seria um espírito puro, não se
envolvendo com as coisas deste universo. A fim de salvar a humanidade, esse
Deus bom deveria realizar várias emanações até se achegar ao nosso atual estado
de vida. Com base nos ensinamentos, este ser celestial que veio até nós nos
ensinaria a renegar as coisas mundanas e olhar somente para as divinas. Era uma
forma de filosofia grega religiosa, que considerava esta vida, de modo geral,
como uma coisa ruim, e que os olhos do verdadeiro gnóstico deveriam enxergar
muito além, a fim de ser liberto deste mundo.
A igreja primitiva
reagiu a esse pensamento reafirmando o antigo monoteísmo judaico, rejeitando
esse dualismo grego. Não havia um deus bom e outro mal. Havia um único Deus,
criador dos céus e da terra, conforme ficou consignado no apelidado credo dos
apóstolos. A terra e o universo são coisas boas, criadas por Deus.
A outra grande
controvérsia cristã se deu em torno da pessoa do Filho. Dezenas de teorias
foram ensinadas. Uns diziam que Jesus era somente um profeta, como os do antigo
testamento (ebionismo). Outros, afirmavam que ele nem humano era, mas que tinha
somente uma aparência divina (docetismo). Outros ensinaram que ele era divino,
porém, menor do que Deus (arianismo). E finalmente, outros ensinavam que Ele
era e é Deus, juntamente com o Pai. Foi essa última concepção que moldou o
famoso credo Niceno-constantinapolitano, já no quarto século da era cristã.
Discussões em relação
ao Espírito Santo sempre acompanharam, de maneira um pouco mais periférica, as
demais concepções. Parece que no início a pessoa do Espirito nunca foi
realmente o centro do debate. Em meio às discussões cristológicas, também se
discutia a pessoa do Espírito Santo. Houve quem dissesse que, conforme já
exposto, o Espírito era uma emanação do próprio Deus. Outros, que era uma energia
de Deus, um poder, dado às pessoas. Outros, que realmente o Espirito Santo era
e é tão divino quanto o Pai e o Filho, e que também era digno de toda adoração
e submissão. Foi essa última concepção que moldou a ortodoxia da maioria dos
cristãos durante os séculos, desde a igreja antiga.
Não parece ter havido
grandes formulações acerca do Espírito Santo na idade média, e nem mesmo na
Reforma, pois esta trouxe mais discussões acerca da soteriologia (doutrina da
salvação), embora João Calvino, ao que parece, trouxe de volta a invocação ao
Espírito Santo na oração eucarística (a chamada epiclese, que havia sido
abandonada no ocidente). Talvez o movimento metodista tenha dado uma ênfase
maior na atuação do Espírito ao promulgar com maior ênfase a doutrina da
inteira santificação como uma segunda benção, o que depois influenciou os
pentecostais. Um reavivado interesse pela pessoa do Espirito Santo se deu com o
início do movimento pentecostal, no final do século XIX até os dias atuais.
Igrejas das mais
variadas em que há ênfase nas curas, exorcismos, manifestações dos mais
variados tipos atribuem ao Espírito Santo tais ocorrências. Isso impactou
igrejas mais tradicionais, até mesmo a católica, a se posicionarem teoricamente
em relação a tais fatos, o que reascendeu maiores interesses no estudo de tal
assunto.
As controvérsias em
relação ao Santo Espírito continuam até o dia de hoje e longe estão de
terminar. O movimento carismático tem aproximado igrejas diversas, históricos e
pentecostais, evangélicos e católicos. Quem sabe um maior aprofundamento no
estudo da Terceira pessoa da Trindade possa nos ajudar em uma compreensão maior
da unidade entre todos os cristãos.
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