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Mostrando postagens de 2012

495 anos de Reforma Protestante

H á algum tempo, todos os anos faço uma breve reflexão acerca da Reforma Protestante em seu aniversário; e procuro esforçar-me para não ser nem ufanista, nem pessimista demais, tentando fazer uma ponderação equilibrada deste fato, se é que algo assim é possível, quando se narra de dentro da experiência histórica que se quer descrever. Boa parte do cristianismo evangélico hoje, no Brasil, pouco se parece com o cristianismo dos tempos da Reforma. Somos, na maioria, pentecostais ou neopentecostais, arminianos, e temos poucas afinidades práticas, litúrgicas, e até mesmo teológicas, seja com Lutero, Calvino ou Thomas Crammer. A ver o rumo que os menonitas tomaram durante a história, é de se concluir também que pouco temos a ver com Menno Simons. Do cristianismo da reforma, creio que pouca expressividade temos no Brasil. É bem verdade que parece estarmos passando por um tipo de despertamento reformado, com o apoio de diversas igrejas presbiterianas e batistas, realizando alguns im

Objetos sagrados

Um dia destes estava dando aula sobre o tema “santidade” quando surgiu uma discussão acerca de objetos sagrados, dividindo as opiniões da turma. Sabemos que no Antigo Testamento havia a consagração de objetos para uma utilização santa, que não poderia ser violada de modo algum, sob pena, algumas vezes, da pessoa ser fulminada, como foi no caso dos filhos de Arão. No Novo Testamento, não parece haver muitas referências a tais objetos, e, o protestantismo, por conta do “sola scriptura” e também, pela reação ao catolicismo romano, acabou por reduzir a praticamente zero a existência de algum objeto sagrado que não fosse o próprio ser humano habitado pelo Espírito Santo de Deus. Entretanto, mesmo assim há os que defendem a existência de tais objetos no contexto evangélico. Há jovens, por exemplo, muito piedosos, que consagram seus instrumentos musicais para louvor ao Senhor, fazendo o voto de não tocar com os tais nenhuma música mundana. Acho muito bonita esta consagração, e válid

Arminianismo e Catolicismo Romano

Seguem abaixo algumas passagens acerca do livro arbítrio nos cânones do Concílio de Trento. 814. Cân. 4. Se alguém disser que o livre arbítrio do homem, movido e excitado por Deus, em nada coopera para se preparar e se dispor a receber a graça da justificação - posto que ele consinta em que Deus o excite e o chame - e que ele não pode discordar, mesmo se quiser, mas se porta como uma coisa inanimada, perfeitamente inativa e meramente passiva - seja excomungado [cfr. n° 797]. 815. Cân. 5. Se alguém disser que o livre arbítrio do homem, depois do pecado de Adão, se perdeu, ou se extinguiu, ou que é coisa só de título, ou antes, titulo sem realidade, e enfim, uma ficção introduzida na Igreja por Satanás - seja excomungado [cfr. n° 793 e 797]. Tais artigos foram elaborados claramente contra a fé reformada. Alguns anos após Calvino, um de seus discípulos, Jacob Armínius negou a doutrina da predestinação dos eleitos, conforme elaborada po seu meste. Há uma substânci

Quem permanece nele, não peca

“Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu” (1 João 3:6). Quem permanece em Cristo, não peca. Isso significa que, para pecarmos, temos que “sair”, “nos separmos de Jesus”. Como permanecer n’Ele, então, para não pecar? Onde Cristo está, para que, nele permanecendo, não venhamos a cair em tropeço? Qual é o local mais próximo em que o Filho de Deus está, para que, unidos a ele, não venhamos a nos unir ao pecado?

Amar como Cristo amou

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“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se amardes uns aos outros” (João 13:34). P orque Jesus fala em um novo mandamento, se, há mais de mil anos antes, já havia sido dado o mandamento de amar o próximo como a si mesmo (Levítico 19.18)? É novo porque, agora, o modelo para o amor ao meu irmão não sou eu mesmo, mas sim Jesus, o Filho de Deus. Quando digo amar o próximo como a mim mesmo, de algum modo, ainda sirvo de parâmetro. Por isso, o novo mandamento é “amar como Cristo amou”. Muito poderia ser dito sobre isso, entretanto, penso que tudo pode ser resumido numa sentença dita pelo próprio Jesus: “ninguém tem maior amor do que este, o de dar a vida pelos seus amigos” (João 15.13). Ou seja, assim como Cristo deu a sua vida pelos discípulos, assim também estes devem dar a sua vida pelos seus irmãos. Damos a nossa vida pelos irmãos quando nos ded

Igreja e Política - Desvio de função e outros inconvenientes

T emos visto constantemente o apoio de pastores à políticos das mais variadas posições, neste tempo de eleições. Agindo assim, as igrejas desviam-se da função pelo qual existem, que é a de pregar o evangelho e socorrer os necessitados.

Jovens de vida consagrada

H á aproximadamente um mês, tive a oportunidade de dar um estudo em uma instituição católica denominada "Aliança de Misericórdia" . Foi um momento muito bom; uma experiência muito agradável para mim. Estavam lá aproximadamente uns trinta jovens, sendo que muitos deles, de vida consagrada. Isso quer dizer, jovens que a tudo renunciaram por amor a Jesus, não contando com nenhum tipo de propriedade privada, mas focando tudo na missão. Jovens de todo o país, enfim.

Primeiros capítulos de Gênesis - Uma leitura sempre literal?

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U ma das matérias que leciono em alguns cursos que tenho o privilégio de ministrar é o de Antropologia Bíblica, ou doutrina do homem, conforme outros preferem chamar. E obviamente, sempre que estudamos este assunto, um dos textos que costumamos ler é o referente aos dois primeiros capítulos de Gênesis.

O perfil do fariseu: ouvindo-os com critério

Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem (Mateus 23:3) Meditatio I nfelizmente, chegamos em um momento da história do cristianismo em que preciso é viver e ouvir com critério, mesmo quando pensamos estar entre irmãos. Isto porque, nem tudo o quanto se ouve do púlpito corresponde ao que vive o pregador.

Dar com uma mão, e com a outra tirar...

A té os dias de hoje, em minha curta existência, ainda não vi um grupo de recuperação social mais ativo e eficaz que as igrejas evangélicas inseridas em nosso contexto urbano, notadamente as de cunho pentecostal (ou neopentecostal). Ouvi falar em diversos testemunhos, bem com vi pessoalmente (aliás, eu mesmo sou fruto disso), pessoas que viviam vidas completamente desgovernadas: são pais de famílias que passavam horas em bares, traiam suas mulheres, gente com abuso de álcool, drogas, desorganização de ordem financeira, etc. Sem dúvida nenhuma, isto foi um grande serviço para a sociedade, bem como para as famílias que viram seus membros serem completamente transformados, em um sentido positivo.

Panorama do Novo Testamento: O Evangelho de Mateus

EVANGELHO SEGUNDO MATEUS Considerações gerais - sempre colocado em primeiro lugar nas mais antigas listas do Novo Testamento; - é o mais “judaico dos evangelhos”, e provavelmente foi escrito para cristãos de origem judaica, porém, de fala grega; - este evangelho pressupõe que seus leitores conheçam o Antigo Testamento, devido às inúmeras citações que dele faz (há mais de cem citações); - alguns entendem que este evangelho é como que uma ponte entre o Antigo e o Novo Testamento; - provavelmente, este evangelho enfrentou o problema do “antinomismo” e do “legalismo; - preserva grandes blocos de ensinos de Jesus (Carson); - apresenta o relato do nascimento virginal e dos primeiros anos de Jesus da perspectiva de José (diferente de Lucas, que apresenta a perspectiva de Maria). E o nascimento e primeiros anos de Jesus estão vinculados às profecias antigas (1.23; 1.5; 2.15); sempre foi aceito em todas as listas de livros considerados inspirados; Autoria - f

Panorama do Novo Testamento - O evangelho de Marcos

O EVANGELHO DE MARCOS Autoria Em princípio, é um evangelho anônimo, pois o autor não se apresenta em momento nenhum. Papias, bispo de Hierápolis, até 130 d. C. é o mais antigo escritor cristão a dizer que foi Marcos quem escreveu este evangelho. Esta informação está na História Eclesiástica, de Eusébio, que foi escrita em 325 d. C (H.E. 3.39.15): “E o presbítero dizia isto: Marcos, que foi intérprete de Pedro, pôs por escrito, ainda que não com ordem, o quanto recordava do que o Senhor havia feito. Porque ele não tinha ouvido o Senhor nem o havia seguido, mas como disse, a Pedro mais tarde, o qual transmitiu seus ensinamentos segundo as necessidades e não como quem faz uma composição das palavras do Senhor, mas de tal forma que Marcos em nada se enganou ao escrever algumas coisas tal como recordava. E pôs toda sua preocupação em uma só coisa: não descuidar nada de quanto havia ouvido nem enganar-se nisto o mínimo”. E muitos autores posteriores a Papias ensinam a

Panorama do Novo Testamento - Os evangelhos sinóticos

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(Cuida-se de esboço de aulas ministradas acerca do tema "Panorama do Novo Testamento") O processo de elaboração de um evangelho (Lc 1.1-4): - Muitos empreenderam a tentativa de fazer uma narração coordenada dos fatos que se realizaram (ou seja, havia outros evangelhos escritos à época, o que pressupõe fontes escritas ); - a transmissão se deu primeiramente pelos que foram testemunhas oculares dos fatos ocorridos e ministros da palavra (o que pressupõe fontes orais ); - O evangelista investigou tudo cuidadosamente deste o princípio para escrever uma narração em ordem (o que talvez possa chegar perto do que nós consideraríamos um historiador nos dias atuais); O estudo minucioso dos evangelhos nos leva a perceber que Lc, Mc, e Mt são muitos semelhantes , daí, serem chamados de evangelhos sinóticos . Sinótico vem do grego synopsis que significa "ver em conjunto" ( Termo utilizado pela primeira vez por J. J. Griesbach, no sec. XVIII)

Panorama do Novo Testamento - Introdução

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(Cuida-se do esboço de uma aula que dei acerca deste tema em um curso popular de teologia) A Bíblia dos primeiros cristãos : Leitura: 2 Tim 2.15; 3.16 Quando Paulo se refere à “Escritura”, o que será exatamente que ele tem em mente? Qual era a Bíblia dos primeiros discípulos [1] ? Obviamente, era o Antigo Testamento. Os primeiros escritos e a formação do cânon [2] . Motivos : O passar do tempo (a volta de Jesus era esperada como algo iminente – 2 Te 2.15). Ou seja, a medida que a parousia não ocorria, foram surgindo coleções de escritos. O crescimento e organização da Eclésia (Ex: as epístolas pastorais). A medida que uma instituição vai se organizando, há a necessidade de uma coleção de escritos fundamentais. O surgimento dos erros doutrinários (Ex: Gálatas, 1 João, etc). Os erros doutrinários, as heresias demandam epístolas, documentos, a fim de que haja o correto ensino. Doutrinamento e ensino (Ex: Mc 1.1). A simples catequese e p

Escola de Servos Líderes na S. O. S. Jesus

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A manhã, começamos as aulas na Escola de Servos Líderes na Igreja S.O.S. Jesus , do Pr. Paulinho, e eu terei a honra de ser um dos professores. A aula ministrada será acerca do Panorama do Novo Testamento. A Escola de Servos procura levar reflexão teológica e prática cristã aos seus alunos, através de parcerias com outros ministérios. Procuramos associar academia com piedade cristã, a fim de obtermos uma prática evangélica responsável no mundo. Que o Senhor nos ajude a ministrar um bom curso a todos os que participarem.

Escola de Servos Líderes

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72 Virgens

"O que os terroristas fazem é isso: em vez de chamar o suicida pelo que é, chamam-no de mártir e dizem que ele morreu em defesa da religião, o que não é fato. Pronto, o Paraíso está garantido, a face de Deus será vista e haverá setenta  e duas virgens a servir o mártir..." (KAMEL, Ali. Sobre o Islã, Ed. Nova Fronteira, p. 222). Pois é... Se morrer em nome da religião não bastar, tem a promessa de ir para o Paraíso... Se isso não bastar, promete-se ver a face de Deus... e se isso ainda não for o suficente, setenta e duas virgens servisão o "mártir". Parte-se, do mais sublime, por assim dizer, ao mais carnal...

Fábio Macari

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P oucos hoje sabem, mas há uns vinte anos atrás, fiz parte de um grupo de hip hop, o Fatos Reais. Tocamos um tempo nas rádios segmentadas, fizemos muitas apresentações; ou seja, algum barulho, naquela época, com um som chamado “Terror no Carandiru”. O nosso produtor foi o Fábio Macari, o mesmo que produziu outros grupos, como o RPW, o Filosofia de Rua e o Facção Central. Pois é. Eu não via o meu amigo há mais de dez anos. Ele, infelizmente, contraiu uma doença um tanto quanto grave, e está em tratamento. Meu amigo Luciano (Pregador Luo) chamou-me para visitar o Fábio, em uma cidade do interior, e eu fui. Quando cheguei lá, foi grande a satisfação em conhecer o Renan, vocalista do grupo de rap “Inquérito”. O cara está fazendo mestrado em Geografia, na Unicamp, e professor nesta área. Sua dissertação tem a ver com uma pesquisa de diversos grupos de rap pelas diversas regiões do Brasil. Comentou comigo de um movimento inclusive entre os índios tupi-guaranis que lutam contra

Estado Civil: Divorciada

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F ui com a minha namorada a um passeio em um clube aqui em São Paulo, e conhecemos uma senhora, de uma conhecida igreja evangélica pentecostal brasileira (centenária, inclusive). Papo vai, papo vem, ela se apresentou como Maria, missionária. Ela nos disse que éramos um casal lindo e unido por Deus (algo muito bom de ouvir). Entretanto, em dado momento, ela pediu oração, pois estava querendo arranjar um marido, dizendo que agora era viúva. Fato é que, o marido dela a havia abandonado antes dela se converter (há uns vinte anos atrás), e ela se divorciou. Na carteirinha de membro da igreja pertencente a ela vinha constando o estado civil dela como divorciada. Coisa estranha esta de se constar. E ela disse que seria difícil arrumar um marido constando “divorciada” na carteirinha dela. Acho estranho algo deste tipo ter que constar em uma carteirinha. Não bastaria a palavra dela. Tinha que carregar este fardo a vida toda.

Religiões Radicais

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Uma pessoa tem a vida um tanto quanto desregrada. Sua família, seu casamento, seu emprego, sua vida pessoal, tudo vai mal. Talvez tenha dívidas, ações na justiça, entre outras coisas. As religiões radicais vão ajudar a resolver tal situação. Vão ordenar a vida de tal pessoa, organizar, melhorar. Pode acontecer também da pessoa viver uma vida boa, com sua família, emprego, formação superior, abundância financeira, etc. Tais pessoas também podem passar por uma crise de identidade, de valores, e religiões radicais podem acabar ocupando tal espaço, dando sentido para vida de tais pessoas. Ocorre que  tais religiões radicais passam a tolher a liberdade dos seus fiéis, primeiramente a liberdade de pensamento . E como pensar é, em tese, o que nos faz humanos, tais pessoas têm sua humanidade relegada ao comando de outras pessoas. Há o risco de se tornar parcial ou totalmente escravizada, e intolerante para com todos aqueles que não sustentam a mesma identidade religiosa que a sua.

O bispo cristão

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E stes dias estava a meditar nos requisitos que o apóstolo Paulo indica que são necessários para que alguém se torne bispo, quando escreveu ao seu discípulo Timóteo (I Timóteo 3.1-7). O que eu achei interessante é que são requisitos bem práticos. Na verdade, quase chocam pela sua simplicidade. Entre outras coisas, o bispo deve ser irrepreensível (ou seja, nada na sua vida está a desabonar sua pessoa), é marido de uma só mulher (ou seja, monogâmico, fiel), é temperante (qualidade de quem é moderado nos aspectos intelectuais, espirituais, etc, ou seja, não é um radical), sóbrio (moderado no que tange às bebidas, alimentação, etc), modesto (não faz alarde de suas próprias virtudes e boas obras), hospitaleiro (faz com que os visitantes se sintam bem acolhidos, oferece lugar de repouso e confiança) apto para ensinar (ou seja, também um estudioso; tem que ser um bom professor), não dado ao vinho (tem controle de si, não é um beberrão), não violento (não usa a coação de nenhu

Gueto Cristão

A concepção protestante acerca da vocação secular, a meu ver, precisa ser resgatada, pois há muitos homens pregando, ainda que implicitamente, que só realizam uma obra espiritual aqueles que se dedicam a algum ministério eclesiástico. A vida secular, para estes, é enfadonha, e pode ser feita meio que "de qualquer jeito". Não é a toa que muitos não desejam, de modo algum, negociar com os chamados cristãos evangélicos. Os reformadores disseram com todas as letras que um sapateiro, uma dona de casa, um advogado, quando trabalham de forma digna, cristã, realizam uma obra tão espiritual e relevante quanto àqueles que presidem um culto religioso. Hoje, por algum motivo, achamos que para tudo ter qualidade, deve necessariamente ser evangélico, ou estar servindo a um propósito eclesiástico. Ledo engano! Isso porque, deixamos de ler no livro da natureza ato da revelação do próprio Deus, e enxergar mesmo a vocação secular como algo sagrado e abençoado, se feito com amor e ded