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Mostrando postagens de 2019

O que igrejas evangélicas podem fazer por moradores de rua?

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Há centenas de moradores de rua em São Paulo. Muitos destes com sérios problemas de vício em álcool e drogas. São homens (a maioria) e mulheres que já foram desacreditados por seus próprios familiares, sem trabalho, e sem casa. Quantas igrejas (locais) existem na cidade de São Paulo? Pelo menos mil? Certamente. Imaginem se cada uma conseguisse tirar pelo menos um desses homens das ruas de São Paulo por ano. Isso não ajudaria a aliviar a dor de muitas pessoas? Mas como fazer isso? Em toda a igreja sempre há um grupo de pessoas que deseja realizar algum tipo de ação social. Geralmente são irmãos que levam alimentos e roupas pelas ruas. Em todo trabalho como esse, sempre haverá alguém que quer sair das ruas. Muitos perguntam por isso. Daí, é necessário ter contato com algum grupo que seja especializado no acolhimento. Por exemplo, há a missão GEUJ & Philadelfia . Tem também a ONG Mais amor São Paulo . Eles recebem homens que expressam verdadeiro desejo de sair das r

Do direito ao sossego e ao lazer com segurança

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Por esses dias fui a uma igreja, convidado para pregar. Quem já foi em um culto já deve ter visto que, em algumas igrejas, há um momento separado para o “testemunho dos irmãos”. Uma senhora, bastante humilde, começou a dar um testemunho. Disse que estava sozinha em sua casa, quando começou uma barulheira na rua. Eram jovens fazendo algazarra ao som altíssimo de seus carros. Ela se desesperou e foi orar. Foi quando de repente, ela ouviu uns gritos e foi para fora ver o que era. Era a polícia, com seus capacetes e seus cassetetes, dispersando todo mundo! E ela, de sua simplicidade, “deu glória a Deus” pela benção recebida! A igreja caiu na gargalhada e depois aplaudiu. Isso é muito interessante. Por esses dias ficamos todos chocados com as ocorrências em Paraisópolis, com a morte de nove jovens. Desejamos que os responsáveis sejam punidos, uma vez que fique constatado abuso, e que o Senhor console a família de todos que padeceram. Não desconhecemos as dificuldades

Demônico

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...respondíamos diante desta situação a partir de certos conceitos básicos. O primeiro era o conceito de demônico. Nossa interpretação tratava das estruturas demônicas do mal nos indivíduos e grupos sociais. Quando empregamos pela primeira vez o conceito de demônico, por volta dos anos vinte, ninguém o conhecia a não ser em livros de história relacionados com superstições e crenças nos demônios. Empregamos o termo demônico para descrever as estruturas destruidoras em contraposição com os elementos criativos. Esse conceito se baseava na descrição pisciológica dos poderes compulsivos dos indivíduos, e na descrição sociológica segundo a análise marxista da sociedade burguesa... (Paul Tillich, in Perspectivas da Teologia Protestante nos Séculos XIX e XX). Muito se discute nos seminários, e no dia a dia, sobre a existência ou não de seres demoníacos, de seres caídos. Alguns até acham que, caso se chegue a conclusão na inexistência de tais seres diabólicos, acabou de vez a função prát

Até no riso tem dor o coração

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“Até no riso tem dor o coração, e o fim da alegria é a tristeza” (Provérbios 14.13) Há momentos muito felizes na vida da maioria de nós. O carinho de uma mãe. O abraço de um amigo. O encontro com a pessoa amada. A sexualidade bem praticada. O nascimento de um filho. Atingir uma realização. Ganhar presentes. Receber atos de bondade. Muitas coisas trazem sentido e alegria à nossa existência. Entretanto, há também os momentos tristes. A tristeza, a dor, o sofrimento... Tudo isso é como se estivesse subentendido em tudo o que temos e fazemos. É uma sombra que nos acompanha. É como se o sorriso fosse somente um breve intervalo entre dor e dor. Uma simples distração. O amigo vai embora um dia. Chega o dia do desemprego. Da escassez para muitos. Falta de saúde. É a meta que nunca é atingida. É o sonho que nunca se cumpre. E finalmente, a triste morte. E por falar em morte, a imensa maioria dos seres humanos que parte deste mundo se vão em grande dor e agonia.

Suicídio entre pastores

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Temos visto na mídia a ocorrência de suicídio entre pastores. O que será que tem levado pessoas que falam tanto em Deus cometerem tal ato? Uma posição mais fundamentada carece de maiores estudos. Na falta destes, seguem alguns palpites que talvez possam contribuir nessa investigação. Não podemos duvidar de que a depressão é uma doença, uma enfermidade, que necessita de tratamento médico especializado. Há determinados contextos evangélicos em que admitir enfermidade é uma fraqueza. Quanto mais, admitir que se está deprimido. É preciso afastar todo o tipo de preconceito e se incentivar a procura de uma ajuda especializada. Outra questão é o elevado nível de cobrança em alguns contextos. Existem igrejas que cobram resultado de seus pastores, como templos cheios, grandes arrecadações, entre outras coisas. Isso pode estar se convertendo em um terrível assédio moral. Além disso, existe a própria cobrança que o ministro faz a si mesmo. Caso tudo

As fontes da Teologia Sistemática no pensamento de Paul Tillich

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O teólogo sistemático não pode reivindicar validez para a norma que ele usa, apontando para os pais da igreja, concílios, credos, etc. A possibilidade de que todos estes tenham incorrido em erro dever ser mantida pela teologia protestante com tanta radicalidade quanto Roma afirma o contrário em sua doutrina da infabilidade papal (Paul Tillich).  Este artigo tem como interesse básico refletir sobre o que o autor supramencionado entende que deve servir como fonte do teólogo sistemático protestante em seu trabalho de expor os conteúdos da fé cristã. Em meio a tanto fundamentalismo e radicalismo existente hoje no meio protestante/evangélico, talvez seja interessante fazermos uma reflexão sobre o tema supracitado tomando como base o pensamento deste renomado teólogo alemão em sua grande obra Teologia Sistemática, que no Brasil foi publicada pela primeira vez pela Editora Sinodal em parceria com as Edições Paulinas. Segundo Paul Tillich, a teologia “é a explanação metódica dos

Introdução aos verdadeiros filósofos

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Quero recomendar para vocês a leitura do livro "Introdução aos Verdadeiros Filósofos", do padre ortodoxo Jean-Yves Leloup, publicado pela Vozes. Este livro nos traz um pouco da história e do pensamento de diversos padres antigos, como Orígenes, Dionísio, Clemente de Alexandria, Evágrio Pôntico, João Crisóstomo, João Cassiano, Gregório de Nissa, Máximo Confessor e Simeão, o Novo Teólogo. Fiquei bastante espantado, por exemplo, a respeito da vida e das idéias de Simeão, o Novo Teólogo (949-1022), que recomendava que todo o cristão deveria buscar a certeza da experiência mística com Deus, não sendo tal coisa restrita somente ao clero. Nas palavras de Leloup, "o primado reconhecido à experiência mística leva Simeão a relativizar, às vezes, a importância da hierarquia: um bispo sem experiência mística é menos do que um leigo que recebeu o dom de lágrimas ou a iluminação do Espírito; os próprios sacramentos não têm sentido a não ser que sejam 'interiorizados

Graça preciosa X Graça barata no pensamento de Dietrich Bonhoeffer

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Para entendermos a obra de determinado autor, não podemos deixar de considerar um pouco do panorama histórico em que estava inserido. No caso de Dietrich Bonhoeffer, o contexto histórico é de uma Alemanha nazista, em um regime totalitário, e que foi considerado, talvez, o regime mais cruel da história da humanidade, levando-se em consideração que é relativamente recente. Interessante é que em boa parte de seus escritos teológicos, ele não faz referência direta à sua contestação ao nazismo; entretanto, este mesmo autor teve cassada a sua autorização para ensinar na Universidade de Berlim em 1936, justamente quando ensinava os princípios contidos em sua obra Discipulado (publicado no Brasil pela Editora Sinodal). Portanto, nesta obra, escrita sob rígida censura, talvez encontremos um chamado ao combate ao mundo, que, no contexto alemão, se submetia ao nazismo, bem como uma igreja organizada incapaz de exercer qualquer papel benéfico no contexto de então. Bonhoeffer nasceu em 4 de

Igrejas pequenas deixarão de existir?

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Uma colega foi em uma dessas mega igrejas que existem na cidade de São Paulo. Tudo é incrível. Louvor de extrema qualidade. Telões. Pregações motivacionais que empolgam a platéia. Até o teto da igreja abre durante o louvor. Um clima realmente vibrante e arrebatador! Milhares e milhares de jovens. Além disso, multiplicam-se as mega igrejas com milhares de membros. Diante desse quadro, alguns poderiam se perguntar qual seria o destino das igreja pequeninas. Estariam elas fadadas a desaparecerem diante da "concorrência", por assim dizer? Afinal de contas, a gente sempre não ouve falar de mercados, farmácias, e outros negócios pequeninos que fecham diante da potência de grandes empresas? Muito bem. Tenho uma opinião acerca deste assunto. Creio que as pequenas igrejas não vão, necessariamente, fechar por conta disso. Podem até fechar por outros motivos. E o motivo pelo qual penso assim é que, há algo que não pode ser produzido pela tecnologia, grupo

O que a queda de uma famosa vegana tem a ensinar aos ministros do evangelho?

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Por esses dias, uma famosa vegana, Yovana Mendoza Ayres, também conhecida como Rawvana, foi flagrada comendo carne de peixe.  Ela tinha milhares de seguidores nas redes sociais, bem como diversos patrocínios.  Ocorre que, em uma viagem com uma amiga (também famosa), essa, por acidente, a filmou em um momento de descontração, comendo o dito peixe, e seu vídeo rapidamente se espalhou pela internet. Foi um tombo tremendo para a dita Yovana! Ela ainda veio a público para pedir desculpas, porém, ficou a sensação de que isso só ocorreu por ter sido flagrada, até mesmo porque, aparentemente já havia dois meses que ela estava se alimentando de carne de peixe e ovos por prescrição médica. Parece que ela esteve os últimos anos doente, sofrendo com anemia, com o intestino cheio de bactérias (em um nível não recomendado), bem como com o ciclo menstrual comprometido. Ocorre que, mesmo assim, ela preferiu manter as aparências, manter os seguidores e os patrocínios. Pois bem.

A purificação do templo (ou de como atrair os assassinos a si próprio)

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Era provavelmente uma segunda feira. Jesus entra no Templo, uma construção magnífica, e não gosta do que vê. No local denominado "átrio dos gentios", lugar reservado à oração de todos os povos, cambistas trocam dinheiro, e vendedores comercializam animais. Peregrinos vinham de todos os lugares do mundo, porém não eram aceitas moedas estrangeiras. Assim sendo, tudo precisava ser trocado por moeda judaica. Acontece que nesse procedimento, havia abuso por parte dos cambistas. E é bem possível que parte dos lucros fossem para os sacerdotes. Depois, com o dinheiro judaico, seriam comprados animais a serem oferecidos em sacrifício. Mais uma vez é possível que o valor estipulado estivesse bem abusivo. E novamente, parte de tais valores provavelmente iam para a liderança de Israel. Trocar dinheiro, comprar animais, se tudo isso fosse feito por um preço justo, não haveria problema, DESDE QUE NÃO FOSSE NO TEMPLO! Afinal, era muito mais fácil para os peregrinos comprar

Igreja X Instituição

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. C onstantemente surgem grupos que fazem a crítica da igreja enquanto instituição. Dizem que quando esta se institucionaliza se torna fria, calculista, exploradora e perde da sua força comunitária original. Sempre pode haver alguma razão nessas críticas, e algumas pessoas, por conta disso,  abandonam a igreja organizada e procuram viver um evangelho "mais livre", reunindo-se em casas, parques e outros lugares. Tal discussão não é nova na história da Igreja. A Reforma, por exemplo, foi tão mordaz ensinou que a verdadeira igreja era invisível, separando-a, em certo sentido, de sua expressividade histórica e material. Hoje ninguém nega que todas as Igrejas oriundas da Reforma se institucionalizaram Os que não se organizaram, não sobreviveram.  Mesmo os anabatistas, se estão hoje entre nós, devem ao fato dos menonitas terem se institucionalizado também. Por tudo isso, entendo que, querer criar uma comunidade sem se institucionalizar é uma ilusão . Cedo ou tarde, se

Quem não dá dízimo vai para o inferno?

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Há pouco tempo, vi, em um canal de televisão, um pastor de uma igreja que possui milhares de membros no Brasil, ensinar que, aqueles que não dão o dízimo, irão para o inferno. O raciocínio é muito simples. Segundo Malaquias, que não dá o dízimo é ladrão (Mal 3,7), e, os ladrões não herdarão o Reino de Deus, conforme atesta vários textos das Escrituras. Também em uma estação de rádio, ouvi um outro pastor (que também é líder de outra denominação bastante numerosa), sustentar opinião parecida com essa. Muito bem. Será que estas coisas são realmente assim? Em primeiro lugar, quero ressaltar que não sou contrário, de modo algum, a que alguém separe uma porcentagem de seus rendimentos, e os doe à Igreja. O protestantismo histórico sempre incentivou a dar o dízimo, e, com tais arrecadações, criava uma complexa rede de ajuda comunitária, construía orfanatos, criava escolas que posteriormente se tornaram grandes universidades, etc. Não se ouvia falar de escândalos financeiros, pas

Jesus, homem de coragem(Marcos 10.32-34)

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Leitura: Marcos 10.32-34 A presente passagem diz respeito ao terceiro anúncio da paixão feita pelo Senhor nesse evangelho. Consta no versículo 32 que Jesus e seus discípulos estavam "subindo para Jerusalém".  A ideia pode realmente ser geográfica, afinal, Jerusalém se encontra cerca de 800 m acima do nível do mar, e o Templo de Salomão era construído sobre a colina de Sião (cerca de 820 m também acima do nível do mar). Entretanto, também pode estar incluída a ideia de elevação espiritual, e possivelmente estavam indo para a festa relativa à Páscoa. Era em Jerusalém que estavam os mais poderosos e perigosos inimigos de Jesus. O versículo menciona ainda que "Jesus ia a frente dos discípulos". Sim, ele era o líder destemido, determinado, que ia a frente dos seus.  Os discípulos "seguiam tomados de apreensões". Talvez estivessem sentido algo diferente. Algo no olhar do Senhor, no seu silêncio, enfim. Pressentiram que algo talvez não

Dificilmente os ricos entrarão no Reino de Deus (Marcos 10.17-31)

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Leitura: Marcos 10.17-31 O texto nos diz que um homem correu ao encontro de Jesus, se ajoelhou, e, chamando Jesus de Bom Mestre, o questiona como deveria fazer para herdar a vida eterna (vers. 17). Jesus pergunta por que chamá-lo de bom, dizendo que "ninguém é bom, senão Deus" (vers. 18). Os detratores da divindade de Cristo enxergam aqui a prova cabal de que o Senhor era somente humano. Afinal, o próprio Jesus não se incomodou pelo fato de ter sido chamado de bom? Não foi ele quem disse que só Deus é bom? Podemos entretanto, ver um significado mais profundo na pergunta de Jesus. Ele estava dando uma oportunidade para que aquele homem refletisse profundamente acerca daquele a quem estava dirigindo. É bem verdade que no evangelho segundo Marcos não temos a mesma cristologia altíssima do evangelho segundo João. Porém, poderemos enxergar nas entrelinhas a divindade de Cristo, mesmo em Marcos, mesmo nos outros sinóticos. Jesus é aquele que saber exatamente o que