A fé cheia de esperança de François X. N. Van Thuan

A fé de Van Thuan

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O bispo vietnamita François X. N. Van Thuan foi um exemplo de fé, de perseverança e esperança que deve por todos ser seguido.

Desde criança ele foi educado na fé católica por sua estimada mãe, que sempre lhe contou a história dos mártires da igreja, notadamente de pessoas de sua própria família que foram perseguidas pelo regime comunista.

O sistema comunista do Vietnã, e como é próprio do comunismo, sempre perseguiu a religião, os cristãos, e com muitos católicos não foi diferente. Em 1975, Van Thuan, já consagrado como bispo, foi preso pelo regime comunista. Permaneceu em prisão até 1988. O governo vietnamita acusava o Vaticano de ter nomeado o referido bispo para desestabilizar o comunismo da região. A essência do comunismo histórico, real, é e sempre foi a perseguição à religião.

Na prisão, o bispo Van Thuan ficou, segundo li de alguns, pelo menos nove anos preso sozinho. Sua cela era bastante úmida, e para respirar, ele precisava ficar com o rosto perto de um buraco, quase no chão. Sua cela era muito úmida, e sua cama tinha muitos fungos. Ele quase enlouqueceu, pelo menos no começo. Tinha que ficar andando de um lado para o outro da cela para não ter muitos problemas físicos. 

Em meio a tanto sofrimento, ele resolveu amar e ter esperança. Decidia conversar com os carcereiros, fazer amizades, falar de outros países. Logo, todos admiravam a simpatia e a mansidão do prisioneiro, e constantemente os carcereiros tinham que ser trocados para não serem "contaminados" com as idéias do bispo.

Foi da prisão que escreveu muitas de suas obras, em pedaços velhos de papel. Um de seus livros que li foi "Testemunhas da Esperança", publicado pela Editora Cidade Nova. Uma das passagens de sua obra que me chamou muito a atenção foi quando ele falou dos "defeitos de Deus". Defeitos aos olhos do mundo, mas que na verdade, tornam Deus muitíssimo atrativo. Na passagem do filho pródigo, por exemplo, Ele fala de um Deus disposto a perdoar e colocar no mesmo "status quo" alguém que lhe havia traído e virado as costas. Também fala de um Deus tão misericordioso que parece não ser muito "bom de matemática", que deixa noventa e nove ovelhas para buscar uma única perdida. Fala de um Deus tão perdoador que não exige dos homens nada pelo seu perdão. Enfim, expõe a misericórdia de Deus.

Vemos então no exemplo do referido bispo alguém que não se queixou da vida, mesmo estando em condições tão precárias. Fez da prisão um pedaço do paraíso. Com pequenos pedaços velhos de pão, e algumas gotas de vinho, celebrava a eucaristia com outros cristãos na prisão. Com uns pedacinhos de madeira e um pedaço de fio, fez uma pequena cruz que levava em seu pescoço. Mesmo prisioneiros evangélicos compartilharam da companhia do bispo. Foi um exemplo de alguém que, silencioso, foi levado ao cárcere, e lá permaneceu na espera da manifestação do Senhor, pois tinha paz em seu coração.

Após sua libertação, ainda fez muitas coisas na Igreja, e foi lido em muitas línguas. Foi, inclusive, canonizado por João Paulo II. Seu exemplo de vida foi inspirador, de um homem que mesmo injustiçado, estendeu o seu amor aos inimigos, nunca desejou vingança, e soube fazer da prisão o seu pequeno santuário, e mesmo ali permaneceu e testemunhou da fé, honrando a Cristo com o seu sofrimento.

Leia também:

A tristeza de William J. Saymour.

Ternura e firmeza: meditações acerca de John Wolmann.

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