Sobre vãs repetições

Evangelho segundo S. Mateus, Cap. 6, vers. 7


Lectio:
E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.

Meditatio:


Vamos pensar hoje em "vãs repetições".

A ênfase do texto grego recai sobre "vãs" e não necessariamente sobre repetições, conforme comentário do Rev. John Stott (que o Senhor o tenha, falecido faz pouco tempo, mestre de muitos de nós) ao Sermão do Monte.

O próprio Jesus, por vez, utilizou de alguma repetição ("afasta de mim este cálice..."; a oração do Pai nosso que ele nos ensinou, e que os cristãos repetem em cultos dominicais, ou antes da eucaristia na missa, o apóstolo Paulo, pedindo que fosse retirado o "espinho de sua carne", etc).

Em meu protestantismo radical, sempre fui contra qualquer tipo de repetição.

Até que nasceu a minha filhinha.

Eu tinha o costume, algumas vezes, de ficar perto do aparelho de som, ouvindo alguma musiquinha com ela, tipo "Bach ou Mozart para crianças", alguns louvores suaves, coisas do tipo.

Em certa ocasião, mal ela sabia falar, deitada em meu colo, começou a dizer, me fitando com seus olhinhos...

"papai... papai.... papai..." interminavelmente...

Eu via os olhos de amor nela... os meus marejavam... que mais eu podia querer naquele instante?

Não me cansava de ouvir de sua boquinha... "papai... papai... papai..."

Era com música para os meus ouvidos...

Isso, para mim, definitivamente não eram vãs repetições...

Daí, penso que, um coração cheio de amor e admiração por Deus, se disser em muitas ocasiões "te amo, papai... papai....papai...." não aborrecerá o coração do Abba, Pai.

Mestres hesicastas, da Tradição Ortodoxa, desenvolveram a chamada "oração de Jesus", em que repetia-se por muitas vezes a "invocação do Nome", a ponto do próprio coração parecer sussurrar "Jesus".

Nós não nos cansamos de dizer "eu te amo" para quem amamos. Os amantes sabem disso. Com isso, renovamos nossos votos de amor, e o multiplicamos...

E, de portas fechadas, conforme meditamos ontém, desenvolvemos nossa intimidade com o Senhor de nossas almas...

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