Tropeçar no falar II
Há duas coisas que os seres humanos fazem com frequência, quando falam. Ou falam mal da vida alheia, ou ficam se gabando de coisas que fizeram.
Faça esta observação, este teste, e será interessante.
Qualquer assunto que se fale, parece que se está sempre disputando para ver quem é melhor em determinada coisa, ou conta o caso mais interessante, ou o acontecimento mais chamativo. As vezes, se disputa até para ver quem sofreu mais, quem teve o maior trauma, a pior doença, enfim.
Há, podemos assim dizer, uma certa normalidade nisso. Mas quando alguém exageradamente fica nisso, vai ficando insuportável...
E perceba que as pessoas não têm muita paciência, e mal querem saber o que o outro tem a dizer. Querem tão somente um intervalo para falar o que realmente querem.
Dificilmente alguém mostra verdadeiramente interesse no outro.
Por isso, foi o próprio Tiago que ensinou que "todo homem seja pronto no ouvir, e tardio no falar" (1.19).
A fé cristã é uma fé de identificação. Temos um Deus que identificou-se com a condição humana, e uma das formas de nos identificarmos com o nosso próximo é pela escuta atenta. E isso, é ir na contra mão da maioria.
O sábio escritor do livro de Provérbios ensinou que deve ser a língua do outro que te elogie, e não a sua própria, afinal, não há valor no elogio ou promoção próprios. Ao agir assim, a "carne" começa a gritar, pois detestamos o anonimato; queremos aparecer, demonstrar a nossa importância. Mas agindo assim, só provamos que parecemos estar vazios de Deus, pois n'Ele, somos plenamente aceitos, sem a necessidade de autoafirmações. E, quem fala muito sobre si, na verdade pode tão somente estar demonstrando a sua própria carência, tentando demontrar sua própria importância, pois no fundo sabe que anda meio vazio...
Senhor. Ajuda-nos para que, muito mais do que falar
sobre nós mesmos, possamos ter ouvidos para ouvir e
elogiar o nosos próximo.
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