A palavra humana e o problema da auto-revelação divina


Segundo a crença judaico-cristã, Deus se revelou na história para homens determinados, utilizando palavras humanas.

A palavra humana é temporal, limitada e imperfeita.

Como um Deus eterno, ilimitado e perfeito poderia se revelar por meio de um instrumento temporal, limitado e imperfeito, para um ser também temporal, limitado e imperfeito?

A própria limitação da linguagem humana não é um fator limitante na auto-revelação divina?

Logo, a palavra instrumento da qual Deus utilizou para se revelar não pode ser confundida integralmente com o Ser nela revelado. Aquilo que julgamos ser a Palavra de Deus, escrita em palavras humanas, não se confunde com Deus, mas para este somente aponta, como se fossem verdadeiras "placas de sinalização". Igualar totalmente a palavra humana com o Deus que por ela se revela pode se constituir em uma espécie de fundamentalismo.

Entretanto, sendo esta conclusão correta, não caímos em uma espécie de perigoso relativismo? Afinal, se as palavras não se confundem integralmente com o ser revelado, podem não ser normativas para a nossa fé.

Aí é que está a questão.

Não é porque as palavras são sinais, que elas podem ser relativizadas.

Pensemos por analogia.

Temos os sinais de trânsito, que nos apontam determinado lugar. Estas placas não são o lugar em si, mas apontam. Entretanto, se desconsideramos tais sinais, corremos o risco de não encontrar o lugar desejado.

Acredito que assim também acontece com as sagradas escrituras.

Elas são sinal, não o "Ser em si". Mas se relativizarmos os sinais, ignorá-los ou trocá-los por outros sinais, corremos o risco de não encontrarmos mais o Deus revelado.

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