O dom da vida e o culto a Deus

A vida é um dom. É algo que se tem sem querer, ele simplesmente aconteceu, para todos nós. Não fomos nós que a provocamos; não fomos nós que a iniciamos. Quando demos conta de nós mesmos, estávamos lá. Sorrindo, chorando, dependentes de outros que nos amavam, e é isso. Obviamente, para muitas pessoas, a vida tem sido muito difícil para nela se pensar como um dom, mas para estes, a vida também aconteceu sem que se dessem conta. Por isso, para eles, a vida também é um dom, ainda que triste e sofrido.

A este dom, ou a quem provocou esta vida, damos o nome de Deus, mesmo sem conhecê-lo muito bem. Alguns dizem que, damos este nome realmente por falta de um melhor, e que quando o dissemos, queremos dizer muitas coisas. Alguns preferem chamar de Natureza, mas para isso, precisam, de certa forma, personifica-la.

Se este Deus existe, qual seria o melhor culto que se poderia a Ele prestar?

Acho que seria um culto de agradecimento, de ação de graças, constante, diário. Se a vida acontece, e ela esta aí, sem que a buscássemos; se dela recebemos, o melhor a fazer, como gratidão, é aproveitá-la ao máximo. Aproveita-la com toda a sua potência. Deixar-se desgastar por ela. Assista “Sociedade dos Poetas Mortos”; vale a pena.

Entretanto, em meio a este “gastar-se”, preciso perceber que este dom, da vida, não foi dado somente a mim, mas também aos demais. Amando a estes, respeitando-os, tratando-os como eu gostaria de ser tratado, também prestamos um culto a Deus, pois respeito o dom que neles há.

A apreciação da natureza é uma forma de prestar este culto a Deus. O poeta sagrado disse que a natureza expressa a glória e a beleza do Criador, e que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas. Um templo, por mais belo e necessário que possa ser, jamais vai expressar a beleza que há na natureza, pois não tem a mesma sacralidade, ou a mesma sacramentalidade da criação.

Como cristãos, cremos que Deus tornou-se homem, ou seja, “encarnou-se”, então a vida tem que ser algo muito bom. Cremos também na ressurreição do corpo, o que é muito diferente da sobrevivência da alma. Se Deus vai insistir no corpo, então, não poderá ser algo pior do que hoje é, mas sim algo muitíssimo melhorado, glorificado.

Amar a própria vida, amar a vida do meu próximo, respeitando-a, amar a natureza, o cosmos que habitamos, tudo isso, está muito mais parecido com uma religião natural do que com uma institucionalizada. Se existem formas institucionalizadas de religião, é para nos auxiliar a celebrar a naturalidade da vida. Ruim é quando elas deixam de colaborar com isso, e se tornam por demais pesadas, opressivas, sem beleza, sem vida.

Estaremos nós realmente prestando um verdadeiro culto a Deus e agradecimento ao dom da vida? De qualquer modo, a gratidão tem que ser a base, o fundamento, de tudo quanto queremos demonstrar pelo recebimento de tamanho dom. Não existe felicidade sem gratidão.

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