Programação Evangélica no Natal
É triste constatar que, as principais igrejas evangélicas que se encontram na mídia, pouca ou nenhuma referência fazem ao natal.
Já vi, por exemplo, no dia 24 de dezembro, no programa de uma determinada igreja, aquela mesma ladainha da auto ajuda. Passou um clip com gente em seus trabalhos, com cara de preocupado, ao som daquele louvor "O meu Deus, nunca falhará, eu sei que chegará minha vez..." (Marca da Promessa). Vi também outro programa, no momento da pregação, com uma mensagem, ao que parece, até que edificante, mas sem nenhuma referência ao nascimento de Cristo. E ainda outro, com aqueles programas de testemunho de curas. Ou seja, os programas das igrejas que mais tempo estão nos canais de televisão, mas sem nenhuma referência ao natal.
Confesso que não assisti todos os programas inteiros (não tenho paciência para tanto), mas ao que me constou, de modo geral, estas igrejas continuaram fazendo o que sempre fizeram, independente do calendário litúrgico da igreja cristã. Creio que há uma relação muito forte entre este abandono do calendário e o processo de secularização da nossa sociedade. Pelo menos o Natal e a Páscoa são datas que, nós cristãos evangélicos, não deveríamos abandonar.
Entretanto, se assistirmos a um canal católico, provavelmente veremos uma programação referente a tão importante data.
Ou seja, a Igreja Católica tem sido a maior responsável pela manutenção da consciência e da memória religiosa do Natal em grande parte da sociedade. Por mais difícil que seja, a Igreja de Roma tem persistido em não se deixar sucumbir pelo intenso processo de secularização pela qual passa a nossa sociedade. É por causa da Igreja Católica que os evangélicos, mesmo quando em sua missão evangelizadora, não precisam se demorar em explicar termos como o "Filho de Deus", "Santíssima Trindade", "Ressurreição", "Natal", entre outros, visto que o brasileiro médio, de modo geral, já tem estes conceitos em si, por conta do catolicismo. Isso sem falar na própria missa que é realizada no Vaticano, uma belíssima cerimônia, que todo evangélico destituído de preconceito, poderia vir a admirar.
Alguns poderiam contestar, dizendo que Jesus não mandou comemorar o seu nascimento, mas somente a sua morte, e isso, durante a eucaristia.
Isso é verdade, entretanto, não impede que a cristandade separe datas que julgar serem importantes para lembrar determinados fatos da vida de Jesus. Além do que, sem o seu nascimento, não haveria encarnação, morte, ressurreição...
Algumas datas em comum para serem comemoradas por toda a cristandade, seja católica, ortodoxa, ou protestante, ainda poderá revelar alguma unidade entre nós...
Entretanto, sei que nem tudo está perdido. Conheço pessoalmente muitos grupos evangélicos que durante a semana do Natal, de um modo ou de outro, comemoraram o nascimento do Menino Jesus. Com cantatas, comemorações, doação de presentes, etc. Também sei que alguns programas televisivos evangélicos, de menor porte daquelas grandes igrejas, também fizeram honrosas menções ao Natal. Devemos ser gratos do fundo de nosso coração por estes grupos que se permitem comemorar o nascimento de Jesus, e que não permitem que este espirito de secularização domine nossas vidas.
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