No princípio, era o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (João 1.1-5)
O Evangelho segundo São João é o
que possui a mais alta cristologia entre todos. É, por assim dizer, o mais teológico
dos evangelhos. Não há parábolas. Há vários diálogos. Os milagres são chamados
de sinais, e estes têm o propósito de demonstrar que Jesus é o Filho de Deus. A
autoria pertence ao discípulo amado, que na tradição é identificado com o
apóstolo João. Vamos fazer uma singela análise dos primeiros cinco versículos,
sem a pretensão de que seja um comentário exegético expositivo, pois para isso já
há muitas boas obras escritas. Este, é o resumo de uma pregação.
No princípio era o
Verbo
Percebe-se aqui um paralelo com o texto de Gênesis 1.
Lá, relata-se a Criação. No evangelho, a referência possível
a uma nova criação, mas também ressaltando-se que no início de tudo, o Verbo
estava presente. Jesus é o agente de uma nova criação, de um novo tempo.
Verbo é uma tradução do termo grego “Logos”.
Enciclopédias foram escritas discutindo este conceito.
Pode ter a ver com o princípio da razão, princípio ordenador
do universo, e por aí vai.
Em um sentido mais hebraico, tem a ver com a Palavra em
movimento.
Palavra geradora, palavra criadora. “Os céus por sua palavra
se fizeram...” (Salmo 33.6).
Particularmente acho interessante essa combinação do
elemento grego e hebraico em tal concepção acerca do Verbo.
...e o Verbo estava
com Deus...
Nunca existiu um tempo em que o Verbo não era, ou não estivesse com Deus. Jesus partilhava da glória divina antes que o mundo fosse criado. O
próprio Cristo em dado momento pediu ao Pai que ele fosse restituído à mesma
glória que partilhavam antes que o mundo fosse criado (João 17.5). Ambos estão
unidos desde sempre, sendo eles os geradores de todo o existir.
... e o Verbo era
Deus...
Uma afirmação categórica da divindade de Cristo, que este
nunca foi uma criatura.
Há grupos como os Testemunha de
Jeová e Mórmons que interpretam de uma outra forma este texto. Na história da
teologia, o caso mais famoso foi envolvendo um presbítero chamado Ário,
condenado como herege. Entretanto, a maior parte da por assim chamada
cristandade entende que o Verbo partilha da natureza do Pai. Não faz sentido
adorar a Jesus se ele fosse uma criatura, nem mesmo chamá-lo de Salvador ou de
Senhor, se ele fosse algum tipo de anjo, ainda que o maior de todos. Outros que
foram chamados de salvadores, o foram em outro sentido. Só em Cristo há a vida
eterna.
Ele estava no
princípio com Deus
Talvez uma ênfase do que já foi afirmado
no versículo anterior, porém, talvez seja mais do que isso. Há quem identifique
com o texto referente à sabedoria, presente no momento da criação do mundo (Provérbios
8.22-31). Se assim o for, claro que no A. T. ainda não havia uma dimensão tão
perfeita e alta como a cristologia exposta no evangelho de João.
Todas as coisas
foram feitas por intermédio dele e sem ele nada do que foi feito se fez.
O Verbo é o agente, o
intermediário de toda a criação. Desde o átomo, o cromossomo, o DNA, até mesmo
toda as galáxias, o universo, totalmente gerado pelo Verbo. Deus Pai é o
Criador, e o Verbo, Jesus, o agente de toda a criação. Nele foram criadas todas
as coisas (Colossenses 1.16). O Filho fez todo o universo (Hebreus 1.2).
A vida estava
nele, e a vida era a luz dos homens.
Ele é a fonte, o doador de toda a vida. Sua vida não é derivada
de nada no universo.
Além do que, ele é a luz de todos os homens. Luz é um
símbolo de sabedoria e de santidade.
A luz resplandece
nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.
Por mais fraca que pareça a luz
em determinado momento, ela é sempre mais forte que as trevas que a cercam. Assim
também o Cristo, ainda que envolto em fraqueza humana, demonstrou grande poder sobre o mal.
Este brevíssimo prólogo já nos dá
uma ideia da dimensão da grandeza do nosso Senhor e Salvador, Jesus o Cristo.
Esse Verbo deve ser por nós
adorado, pois Ele é o próprio Deus que habitou entre nós. E adorado de um modo
bíblico, reverente, respeitoso.
Esse Verbo deve ser honrado, pois
se tudo foi feito por ele, sabemos que também todas as coisas voltarão a ele
voltarão. Fazer qualquer coisa que não tenha ele como foco, é perda de tempo.
O Verbo deve ser obedecido. Se
Ele é que a Escritura afirma que Ele é, sua Palavra para nós e a Palavra do
próprio Deus. Aquele que tem os mandamentos e os guarda, este é o que o ama
(João 14.21).
Que o Senhor nos ajude a amar, adorar e honrá-lo do modo como ele merece. Que o resplendor de Cristo possa brilhar sobre todos nós.
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