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Mostrando postagens de setembro, 2013

A fé sofredora de Dietrich Bonhoeffer

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E m 1906, na Alemanha, nasceu Dietrich Bonhoeffer, na cidade de Breslau. Este homem, de família cristã, desde muito cedo decidiu estudar teologia, tendo se tornado bacharel já aos 21 anos de idade. E de fato se tornou um grande teólogo, sendo que muitas de suas obras se encontram traduzidas para o nosso idioma, como por exemplo, o livro "Discipulado", "Vida em Comunhão", e muitos outros. Ele estudou ainda na Espanha, nos EUA, e em 1933 assumiu um pastorado em Londres. A Alemanha neste período passava por grandes tribulações políticas e econômicas por conta da primeira guerra mundial, e era o início da ascensão do nazismo. Por algum motivo, Bonhoeffer não quis ficar mais na Inglaterra, e preferiu voltar para o seu país, mesmo podendo estar, por assim dizer, em uma situação muitíssimo mias confortável. Em seu país de origem, Bonhoeffer assumiu a liderança do Seminário Teológico da Igreja Confessante. Era um seminário que não estava alinhado às idéias

Ensinando os nossos filhos no caminho do Senhor

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"Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer, se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiança, e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhes observassem os mandamentos" (Salmo 78.5-7). A primeira coisa que os pais cristãos devem por em sua mente em relação ao tema educação e religião é o fato de que ensinar os filhos nos caminhos do Senhor é uma ordenança. Não se trata de capricho, nem de algo que o Senhor tenha colocado a responsabilidade sobre outras pessoas, mas é uma incumbência dos pais, ou de quem faça as vezes. É muito bom e maravilhoso que possamos contar com o apoio de ministérios e pessoas voltadas para esta finalidade. Na verdade, talvez seja um dos ministérios mais importantes na igreja, e também um dos menos valorizados pelos

Porque no Oriente não houve Reforma?

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A foto em questão é de um padre ortodoxo e sua família. Eu a retirei da página do facebook Cristianismo Ortodoxo . A Igreja Ortodoxa entende a si mesma como fiel continuadora das tradições deixadas pelos apóstolos e pais da igreja. É uma fé muito bonita, com uma tradição muito rica, e que se separou de Roma no ano de 1054 (na verdade, os cristãos ortodoxos entendem que, quem se separou foi Roma). Seus principais patriarcados eram Constantinopla, Antioquia, Alexandria e Jerusalém. Hoje, a mais forte representante da Ortodoxia é a Igreja Russa. Fato é que, olhando para a história da Igreja Ortodoxa, não há, de modo geral, nada parecido com o que ocorreu no Ocidente relativo à Reforma Protestante. Porque será? De início, já digo que esta simples meditação não visa de modo algum esgotar o tema, mas somente fazer conjecturas do porque não terem surgido reformadores conforme os que existiram no ocidente. Faço esta reflexão de forma mais respeitosa possível. Seguem portanto,

Uma fé que rompe barreiras: o exemplo de William J. Saymour

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"Eis-me aqui, envia-me a mim". (Is 6.8b) W illiam J. Saymour nasceu em 1870, no sul dos EUA, em uma época e próximo a localidades em que imperava o racismo branco, protagonizado violentamente pela Ku Klux Klan. Ele viu de perto toda a violência que era praticada contra nos negros dos arredores, desde linchamentos a assassinatos.  Sua vida, como a de qualquer negro naquele tempo, foi cercada de dificuldades. Desde cedo, ele teve que trabalhar muito, mas esforçava-se para tentar estudar sozinho. Logo cedo, despertou-se para a espiritualidade cristã. O que acho tremendamente interessante na história dos negros protestantes norte americanos é que eles absorveram a religião que também era do branco racista e opressor. Isso mostra que, o evangelho é facilmente destacável do exemplo histórico daqueles que o desonram. Os negros, inspirados na história da libertação do povo de Israel da escravidão do Egito, absorveram para si, transformaram e melhoraram a fé naqueles

O papa, os gays, o aborto, os divorciados...

A mídia tem relatado com bastante entusiasmo alguns sinais de mudança na Igreja Católica por conta das últimas declarações do Papa Francisco acerca de temas como a homossexualidade, aborto, divorciados, etc. E até tem enfatizado a grande diferença do atual papa com Bento XVI, e de fato são muito diferentes. Entretanto, em minha opinião, o que o atual Papa tem feito é propor uma mudança pastoral em sua igreja, e não dogmática, até mesmo porque, esta creio que ele não pode fazer (contrariar o magistério anterior). Portanto, embora o discurso de Roma, com o atual papa possa não ser rígido, permanece a doutrina moral da Igreja, que até então, não mudou, e creio, talvez não mudará sua opinião acerca destes temas. Os católicos que me corrijam.

Evangélicos devem apoiar a retirada de imagens religiosas do espaço público?

Vira e mexe surge esta polêmica. Desta vez, há uma campanha de evangélicos querendo tirar uma imagem de Aparecida de uma praça em Goiânia, conforme você pode ler clicando aqui . Segundo o frei entrevistado na reportagem, foi um evangélico que tentou quebrar a imagem de Maria, que depois passou por um processo de restauração. Caso isso seja verdade, tal pessoa deve ser punida nas formas da lei, pois não se desrespeita assim um simbolo religioso, ainda mais de uma religião que já está aqui há séculos. Tudo o que eu sei é que este embate religioso, que se dá, em minha opinião, menos pelo zelo religioso do que pela disputa religiosa, acaba por favorecer o discurso de laicistas e ateus, que preferem que nenhuma imagem religiosa exista. Evangélicos, em um primeiro momento, poderiam até concordar com tais laicistas, e unirem-se a eles para tal fim. Entretanto, penso que caso isso ocorra, estar-se-á contribuindo para um adiantamento da perca da memória cultural cristã em nosso paí

Discipulado: o exemplo de Rute

"Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe, e me obrigue a não seguir-te; porque onde quer que fores, irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus" (Rute 1.2). É muito bonita a conhecia história de Rute, viúva do filho de Noemi. Esta havia deixado, juntamente com seu marido e dois filhos a cidade de Belém e ido para Moabe diante de uma fome que havia se abatido sobre sua terra natal. Seus dois filhos casaram com mulheres moabitas, mas posteriormente, ambos, bem como seu marido, morreram. Noemi determina então que suas noras voltassem para a casa de sua parentela, mas Rute se recusa, e diz que irá segui-la a qualquer custo. Uma linda história de fidelidade. Em que aspectos entendo que a história de Rute nos ensina acerca do discipulado? Em primeiro lugar, vemos que Rute abandona tudo para estar com Noemi. E aparentemente, era melhor ter ficado em sua própria terra, na casa de sua parentela, onde tudo e

Protestantismo e estado laico

O vídeo acima foi postado em várias redes sociais e diz respeito à resposta de Marina Silva ao fato de se por em dúvida se ela seria uma ameaça ao estado laico pelo fato de ser evangélica. Ela responde maravilhosamente bem ao questionamento, deixa clara sua posição em favor do Estado laico, e ainda fala um pouco sobre o preconceito que já sofreu pelo fato de ser evangélica. Entretanto, precisamos meditar um pouco no que ela disse acerca da responsabilidade da Reforma Protestante para a criação da ideia de um estado laico. Penso que ela pode ter se equivocado um pouco neste aspecto, dependendo do que quis dizer. Isto porque, se meu parco conhecimento de história estiver correto, o protestantismo não criou um estado laico. Criou, na verdade, o estado confessional. E colocou ainda a autoridade do estado acima da autoridade da igreja em questões temporais. Foi assim na reforma luterana, na Alemanha e nos países escandinavos, foi assim na reforma anglicana, na Inglat

O evangelho de Lucas e os marginalizados da sociedade

É muito bonito e inspirador perceber o quanto o evangelista Lucas dá atenção aos marginalizados da sociedade nos tempos de Jesus. Por exemplo, Lucas dá uma ênfase muito interessante em relação aos samaritanos . Estes eram bastante discriminados pelos judeus, considerados verdadeiros hereges cuja linhagem havia também se misturado com a os gentios. Entretanto, Jesus contou uma parábola que ficou conhecida como a do "bom samaritano" (uma pena ela ter sido reconhecida por este título, pois ele em si já é preconceituoso) em que um samaritano ajuda um homem necessitado e que havia sido violentamente agredido, e que fora desprezado por um sacerdote e um levita (Lc 10.25-27). Ou seja, ele quis dizer que o samaritano cumpriu a lei do amor, e não o judeu. Também houve uma ocorrência registrada em Lucas, em que Jesus cura dez homens, mas somente um samaritano volta para agradecer (Lc 17.11-19). Lucas também dá uma atenção especial neste evangelho aos pobres , enquanto que

Islamismo, cristianismo e estado laico

O s cristãos assistem estarrecidos tudo o que tem ocorrido com seus irmãos na Síria, notadamente por conta de toda a perseguição que estão sofrendo nas mãos de militantes islâmicos radicais. Sabemos que existem muitos muçulmanos pacifistas, e que em sua gênese, o islamismo conviveu relativamente bem com o povo "do Livro" (judeus e cristãos). Complexos movimentos históricos nos trouxeram até aqui, nestas batalhas todas. Hoje ainda tenho minhas sinceras dúvidas se o islamismo conseguirá, algum dia, conviver com uma experiência laicista de Estado, notadamente quando for maioria (toda minoria quer democracia, pluralidade, etc, como os católicos no início dos EUA). Isso porque, ao que tudo indica, a guerra santa já está na gênese desta religião. O islamismo já nasceu guerreiro, lutando em nome de Alá, contra os infiéis. Um estado laico parece-nos algo impensável na experiência islâmica. O islamismo ainda não teve a sua experiência "iluminista".

A vaidade no coração

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H á muitos motivos descritos nas Escrituras Sagradas que, segundo os escritores, fazem com que nossas orações não sejam ouvidas. Um destes motivos é o que está descrito no Salmo 66.18: "Se eu no coração contemplar a vaidade, o Senhor não me teria ouvido". O que é contemplar? Contemplar é admirar, é se demorar, é permitir que se faça morada. O termo vaidade aqui também pode, segundo alguns, ser traduzido por iniquidade (afinal, tudo é vaidade, como já disse o autor de Eclesiastes). Isso significa que, se nós dermos morada à iniquidade em nossos corações, não seremos ouvidos por Deus. Mas alguém pode questionar: não é Deus quem purifica os nossos corações? Há muita confusão nesta questão, por isso, precisamos tentar esclarecer algumas coisas. O ser humano, neste mundo, precisa ser convencido do pecado, da justiça, e do juízo, e isso, somente o Espírito do Senhor pode fazer (João 16.8) pois o deus deste século cegou o entendimento dos incr

A difícil questão da homossexualidade

Este vídeo aborda a discussão entre um pastor e um político australiano favorável a união gay, bem como o seu reconhecimento jurídico e social. A questão tem sido tormentosa, e difícil para os que são contrários a tal união, tendo em vista que, os que argumentam de maneira favorável a ela o fazem com fundamento nos direitos humanos, na tolerância, na igualdade, no amor, entre outros valores que são completamente apoiados nas Escrituras Sagradas e na Tradição cristã. Ou seja, quem for contrário a tal união, passará, como de fato tem passado por intolerante e contrário àqueles valores, pelo menos nesta questão. Neste vídeo, enquanto debate público, o político estava com o controle da palavra, e nitidamente, pode-se dizer que sagrou-se vencedor, e que o referido pastor não teve habilidade suficiente para convencer, seja o político, ou ao menos  sair-se bem diante da platéia. Pensando um pouco em tudo o quanto foi dito neste debate, creio que alguns questionamentos deve

Idolatria e imoralidade

"Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles, porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber, e levantou-se para divertir-se" (1 Co 10.7). E ste texto diz respeito diretamente a experiência do povo de Israel no deserto, em que eles construíram um bezerro de ouro. Um ato de terrível idolatria que foi condenada por Moisés. Mas o que é interessante neste texto de Paulo é que ele não chama os israelitas de idólatras porque construíram um ídolo para ser adorado. Ele coloca como consequência desta idolatria o assentar-se do povo para "comer, beber e divertir-se". O ídolo, creio, é um motivo não para algum tipo de adoração extravagante, mas uma licenciosidade para que a pessoa possa, em certo sentido, adorar-se a si mesma e satisfazer os seus próprios apetites. Uma vez construído o ídolo, não preciso mais pensar em Deus... Ela não é idólatra simplesmente porque é religiosa. É idólatra porque, no fundo, quer adorar a si mesma. Em

O estado laico e as imagens religiosas

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fonte: Jus Tocantins A União Européia decidiu tirar a imagem de Cristo das suas moedas. Você pode ler uma reportagem sobre o assunto clicando aqui . Isso tudo é decorrente da laicização do Estado, em que se procura desassociar do Estado qualquer imagem religiosa. Entendo perfeitamente a laicização do Estado, e que este não deve promover nenhuma religião, embora eu também não seja contra um país ter uma religião oficial, desde que não proíba as demais. Há países que têm vivido perfeitamente assim, como a Inglaterra e outros países europeus. Tentativas de tirar imagens religiosas de repartições públicas, como crucifixos do poder judiciário, e outras, também têm sido tentadas aqui no Brasil. Atualmente, acredito que somente edifícios tombados, como a sede do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ainda têm crucifixos, com o Cristo crucificado em suas instalações. Novas instalações são construídas sem qualquer imagem religiosa. Entretanto, será que é necessário ti

Choros e lamentações diante de Deus

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"À tarde, pela manhã e ao meio-dia, farei as minhas queixas e lamentarei, e ele ouvirá a minha voz" (Salmo 55.5). T odos nós temos nossas crises e angústias. Com o salmista não era diferente. Neste salmo, Davi lamenta a traição de um amigo íntimo. O que é interessante no salmista é que ele vai resolver a sua questão diante de seu Deus. Ele não se lamenta diante dos homens. Acredito que há algumas coisas que podemos aprender neste pequeno trecho das Escrituras. Primeiramente, sermos sistemáticos na nossa busca de Deus . Vejam que o salmista procura a face de Deus em três momentos do dia: de manhã, ao meio dia e a noite. Isso me faz lembrar um pouco a liturgia das horas praticadas em alguns mosteiros. Entretanto, nós que monges não somos, deveríamos tentar buscar a Deus sistematicamente também no decorrer do nosso dia, pelo menos por três vezes. Isso não significa que durante o nosso dia não estaremos com nossa mente fixa em Deus, mas que, por pelo menos três m