A fidelidade de Deus na vida do patriarca Abraão
O texto nos narra o
chamado de Abrão, sua peregrinação e desvio para o Egito, quando mente,
entregando sua mulher para Faraó, a fim de preservar a sua própria vida. Quais lições
podemos aprender com esse texto?
1 – O chamado de Abrão foi um chamado para a
renúncia: lhe foi dito que deixasse sua terra, sua parentela e a casa
de seus pais, e que fosse para uma terra que lhe seria anunciada. Assim também,
na vida cristã, somos chamados a renunciar a tudo o quanto temos para seguir o
Mestre (Lc 14.33). Muitas vezes o chamado envolve realmente em deixar
fisicamente muitas coisas para trás. Mas na maioria das vezes, realmente é uma
questão de mudança de prioridades. Nossa prioridade agora é a vontade de Deus
para nossas vidas.
2 – O servo chamado de Deus deve construir
altares em sua caminhada. Abrão construía altares por onde quer que
passava (vers. 7,8). Assim também, em nossa caminhada, procuramos estabelecer
momentos de comunhão e intimidade com Deus. Não precisamos mais construir
altares, como naqueles tempos, pois o nosso Sumo Sacerdote está no céu, e é
Jesus. Mas precisamos, simbolicamente, construirmos momentos sagrados em que
oramos e damos ações de graças a Deus. Abrão deixava um rastro de adoração por
onde passava. Assim tem que ser também em nossa caminhada.
3 – Diante de situações difíceis, cuidado
para não buscar soluções que podem colocar em risco sua vocação. Diante
de um quadro de fome, Abrão decidiu ir para o Egito e pediu para Sarai mentir,
dizendo que era sua irmã, a fim de que não fosse morto. Interessante que aqui
notamos pouca fé naquele que se tornou o pai da fé. Deus já havia aparecido para
ele em algumas ocasiões, e mesmo assim, Abrão preferiu acreditar em suas
próprias decisões. O Egito é um símbolo do mundanismo, nas Escrituras. E Abrão
entrega sua mulher, que seria justamente a depositária da promessa que haviam
recebido, de que sua descendência seria grande na terra. Abrão entregou para o
Egito aquela que seria essencial para sua vocação. Séculos mais tarde, Jesus de
Nazaré, após quarenta dias de jejum, teve fome, e foi tentado a transformar pedras
em pão. Jesus ficou com as pedras. Abrão preferiu pão. Perceba ainda que, enquanto
estava no Egito, Deus não apareceu nenhuma vez para ele, e lá, também não
construiu nenhum altar.
4 - Quando um servo de Deus se desvia de seu
chamado, corre o risco de deixar de ser uma benção e passar a ser maldição.
Deus havia dito a Abrão: “sê tu uma benção” (vers. 2). Mas durante a estadia do
patriarca na casa de Faraó, esse foi amaldiçoado. Lembra um pouco a história de
Jonas, quando leva tempestade para um navio enquanto fugia de seu chamado. Tão diferente
será a postura de José, anos depois, em que abençoa todo o Egito. Assim também
cada um de nós, enquanto em fidelidade a Deus, temos que ser benção na vida das
pessoas ao nosso redor.
5 – Mesmo diante de erros cometidos por
Abrão, Deus não o abandona. O Senhor puniu a casa de Faraó, e esse
acaba libertando Abrão, mas não sem antes lhe dar uma bela lição de moral. Ora,
um servo de Deus, quando longe de seu chamado, leva lição de moral até do
ímpio. Mas Deus, por fidelidade primeiramente a Si, bem como ao propósito que
estabeleceu, por sua soberania, na vida de Abrão, o liberta, a fim de que ele
possa continuar a sua caminhada. Deus é sobremodo misericordioso e bom. Mesmo quando
erramos, ele não desiste de nós. Claro, é sempre melhor não abusar. Mas podemos
confiar na bondade divina!
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