Secularismo, islamismo e cristianismo europeu
Já tive a
oportunidade de visitar alguns retiros para estudos promovidos por teólogos
liberais.
Nestes encontros,
Bultmann, Tillich, Spong, Freud, Marx, J. A. T. Robinson, Bonhoeffer, entre outros (que talvez nem possam ser propriamente chamados
de liberais), eram celebrados. Entre os intervalos
das aulas, alunos e professores se reuniam para fumar um cigarrinho e tomar uma
cervejinha.
Claro que nestes
encontros, ninguém ensinava que os milagres relatados nas Escrituras eram verdadeiros.
Eram somente mitos. E nem milagres nunca existiram. Nascimento
virginal, ressurreição física? Nem pensar. A conversão do indivíduo é analisada
em seu aspecto psicológico, sociológico. Nunca como um ato de novo nascimento.
Um deles sequer acreditava em conversão. Até mesmo a oração parece ser somente
um exercício de falar consigo próprio, seu eu interior, ou com o mistério, enfim. De ressaltar que promotores
de tais eventos eram inteligentes, educados, atenciosos, entre outras
qualidades.
(...)
Acabo de ler uma
notícia de que 2800
templos cristãos serão fechados na França. Este é um país bastante
conhecido pela sua empreitada secularista na sociedade, proibindo a utilização
de cruzes e outros símbolos religiosos em escolas e repartições públicas,
tratando neste caso, igualmente, cristãos, judeus e muçulmanos.
Ocorre que não param
de abrir mesquitas na França. E o número de muçulmanos somente aumenta. E essa
era a tendência bem antes destas questões envolvendo a entrada maciça de
imigrantes na Europa por conta das atuais crises na Síria e no Iraque. Na verdade,
o terrorismo só prejudicou o islamismo na Europa por conta de todas as
repercussões negativas frente a tal religião. Essa era a tendência natural. Muçulmanos
têm mais filhos e, ao que parece, levam sua religião mais a sério que os
cristãos do velho continente. A previsão é que em pouco tempo, na Bélgica, o
número de muçulmanos praticantes irá ultrapassar a de católicos, para
ficarmos somente em mais um exemplo.
Realmente eu não sei
analisar de quem é a responsabilidade pelo atual estado de coisas. Será uma
Europa radicalmente secularizada que recusou reconhecer culturalmente suas
raízes religiosas judaico cristãs e que minou o cristianismo europeu ou se
foram os próprios clérigos cristãos que se deixaram envolver demasiadamente no
espírito secular e demitologizante
de teologia contemporânea? Fato é que um certo vazio espiritual do povo europeu
(se é que posso dizer assim) parece estar sendo substituído pelo islamismo, e
isso, sem a necessidade de nenhum ato de violência (esta, na verdade, só
atrapalhou o avanço do Islã na Europa, em minha opinião).
(...)
Um dos pastores
liberais que ensinou naqueles congressos que fui, pregou em sua igreja
por ocasião da Páscoa. Acerca de uma visão de anjos que a Escritura relata que
uma das discípulas de Cristo teve, ele, o pastor, arrematou para sua plateia: “provavelmente
não passavam de homens bonitos”. Conheço sua igreja, e, embora o povo seja
muito bacana, ela esta cada dia mais vazia. A questão é: será que alguém
realmente continuará indo em uma igreja se não acreditar mais em Deus, ou que
sua oração seja ouvida por uma divindade, ou que milagres acontecem? Talvez haja exceções, mas e a regra geral?
Bom. Os muçulmanos
acreditam em tudo isso, e são eles que provavelmente irão ditar o futuro da
religião na Europa.
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