Smartphones deveriam ser produzidos pelo Estado?

É comum, no metrô, trens, ruas, pontos de ônibus, ver as pessoas carregando seus telefones celulares. São pessoas de todos os níveis sociais. Mesmo as mais humildes conseguem ter o seu aparelho (ainda que não seja tão barato assim).

Agora, imagine se o estado começasse a produzir "smartphones", e considerasse a posse de tal aparelho como um direito de cada cidadão. Ou seja, o estado passaria a utilizar parte da sua receita para produzir o dito aparelho um para cada um de nós. 

O aparelho teria que ser igual para todos, pois não poderia violar o princípio da isonomia (igualdade), a não ser que diferenciasse por idade, atividade, coisas do tipo.

É muito provável que parte da população não viria a se contentar com tal aparelho fornecido pelo estado, e quisesse um de melhor qualidade, tendo que se socorrer da iniciativa privada.

Diante de tal quadro, as empresas privadas que produzissem tal tipo de aparelho teriam que fazer com uma qualidade melhor que os produzidos pelo Estado para atrair o interesse do consumidor. Isso provavelmente iria encarecer o produto, ainda mais levando-se em consideração que a empresa privada estaria concorrendo com o Estado, que, estaria oferecendo o mesmo produto "gratuitamente".

E aí, aqueles que comprassem os "smartphones" privados, estariam pagando duas vezes. Tanto o valor pelos aparelhos que adquiriram da iniciativa privada (um valor bem alto, provavelmente), bem como pagando impostos (ou taxas, enfim) para que o estado produzisse o aparelho estatal.

Pensando por um momento, será que não é algo parecido que acontece com tudo o mais em que o estado acaba querendo bancar (pelo menos na realidade brasileira)? Com a saúde, a educação, a previdência social, etc? Quem não se contenta com um serviço oferecido pelo estado, não acaba buscando o mesmo serviço na iniciativa privada? E, por conta disso, não acaba pagando o mesmo serviço duas vezes, por assim dizer?

Alguém poderia dizer: mas se o estado não fizer, muita gente ia acabar ficando sem. Entendo tal preocupação.  Acho que esse é o cerne da questão. Ou seja, se o estado não prestar determinados serviços sociais, será que boa parte da população ficaria sem conseguir os mesmos serviços da iniciativa privada? Se a resposta for negativa, de fato, precisaremos sempre tentar sustentar um estado de bem estar social, mesmo que parte da população continue pagando por serviços que não usufrua (pelo menos não diretamente), a não ser que a qualidade de tais serviços melhore a ponto de ninguém precisar se socorrer da iniciativa privada. Se a resposta for positiva, ou seja, se de fato, tais serviços forem melhor oferecidos e de maneira mais barata pela iniciativa privada, os liberais capitalistas estão com a razão, de modo que temos de fato que diminuir o estado para um maior benefício social.


That's the question!

E aí? O Estado deve ou não produzir smartphones para toda a população?



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