Atualizar a Bíblia?
Muito alarde é feito acerca de determinados termos que são utilizados por personalidades famosas do mundo evangélico, ainda mais por conta das redes sociais.
Ainda hoje, muitos crentes se revoltam contra a frase de um determinado pastor que utilizou a expressão "atualizar a Bíblia", porém, com o significado de que o que precisa ser atualizada é a nossa interpretação dela.
No que se refere à atualização da Bíblia, sempre há alguma, ou será que nos esquecemos das constantes versões "revisadas e atualizadas" que as Escrituras sofrem? Claro que muitos irão dizer que a atualização é meramente gramatical, não havendo nenhuma mudança do conteúdo em si.
Mais ou menos isso, afinal, traduzir também é interpretar. Por exemplo, quando uma bíblia traduz determinadas palavras por "homossexuais" (palavra esta que não existia nos tempos de Jesus), será que não está fazendo uma interpretação?
Agora, penso que não há muita dúvida de que a interpretação das Escrituras também sofreu algumas atualizações durante os séculos.
Por exemplo, sabemos que durante muitos anos, tanto católicos quanto protestantes escravizaram pessoas, e muitas destas, entendiam que tal prática estava fundamentada na Bíblia.
É fartamente relatado que antes de africanos serem deportados para servirem de escravos, eram rapidamente batizados antes de embarcarem (o que é bem estranho, pois, se adotarmos a doutrina sacramentalista da Igreja Católica, se estava a escravizar e torturar um irmão).
Os que se anteciparam para dizer que tal intepretação das Escrituras deveria ser "atualizada" foram acusados de distorcerem o texto bíblico.
Também não acho que uma pessoa minimamente civilizada iria sustentar o genocídio de um povo com base no livro de Josué (embora, na complexa história humana, tudo possa acontecer).
Há quem com base nas Escrituras ache que a mulher deva obediência ao homem, que deve-se vestir de determinada maneira, que não pode cortar o cabelo.
Outros, que acham que as mulheres não devem ser ordenadas, e nem ter espaço para pregar.
Alguns entendem que não se pode comer carne, tomar café, nada de álcool, e outras restrições alimentares.
E assim seguiremos nessa guerra de intepretações que causam tantas divisões entre os cristãos, sendo que a bola da vez parece ser a questão homoafetiva.
Certamente há casos em que a grande maioria das pessoas vai entender que a interpretação precisou ser atualizada. Outras questões, continuam em aberto, porém, penso que a marcha da história mostrará que muito do que se adotou como certo, será percebido no futuro como algo equivocado.
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