A divindade de Jesus

Boa parte da controvérsia teológica cristã do passado girou em torno da discussão acerca da verdadeira natureza de Jesus. Seria ele meramente humano? Seria ele divino? As duas coisas? Nenhuma delas?

Havia os que tinham grande respeito por Jesus, mas entendiam que era somente um homem, como mais um dos profetas. Outros, entendiam que Jesus não era humano, mas só tinha uma aparência de humanidade, sendo um ser espiritual. Entre tais concepções, havia muitas outras.

Parte destes grupos considerou Jesus como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Duas naturezas, uma única pessoa. Ao que parece, esta se tornou a posição majoritária durante os séculos.

Hoje a controvérsia ainda existe. Para os muçulmanos, por exemplo, Jesus não é Deus. Nem os mórmons, testemunhas de Jeová, espíritas, budistas, entre outros, aceitam sua divindade. Os que permanecem fiéis à confissão da divindade de Jesus são cristãos ortodoxos, católico romanos e protestantes, mas isso, se seguirem o pensamento tradicional, tendo em vista que a teologia liberal também tem modificado tal concepção.

Particularmente, entendo que, os que não aceitam a divindade de Jesus, conforme reafirmado nos grandes concílios ecumênicos, não vêem a necessidade de um Salvador pessoal.

Em cada religião, em particular, me parece que cada qual salva-se a si mesmo. Ninguém morreu no lugar de ninguém, não houve expiação de pecados, é cada qual por si. Cada um vive da melhor maneira que puder, e aguarda algum tipo de julgamento acerca de seu comportamento. Nas religiões cármicas, por exemplo, cada fiel deve viver da melhor maneira que puder, e passará por processos de reencarnações, aprimoramento, aperfeiçoamento. No islã, cada qual se entregará ao juízo de Alá. Judeus se encontram na mesma situação, entretanto, em relação à IHWH. E assim sucessivamente. Mesmo que tais religiões tenham algum pensamento acerca de alguma graça, não é nada comparado a dizer que alguém morreu na cruz para nos salvar. Claro que esta conclusão pode parecer (e é) um pouco superficial. Melhor seria investigar mais profundamente cada religião, mas creio que de modo geral a ideia é essa mesma.

Se Jesus não for Deus, particularmente, não pode ser considerado Salvador, no sentido soteriológico do termo (tipo assim, como condição "sine qua non" para a salvação de alguém, bem aventurança eterna). Não poderia ser adorado, pois isso seria idolatria. Se ele for menos do que Deus, como dizem os mórmons e testemunhas de Jeová, estaríamos creditando nossa salvação a alguém menor do que Deus, o que não seria possível. Grandes textos cristológicos do novo testamento perderiam sua validade.

Alguns dizem que os textos do Novo Testamento que falam da divindade de Jesus são ambíguos. Um mórmon ou testemunha de Jeová, em certo sentido, têm o direito de fazê-lo, pois são um tipo de, na minha opinião, "cristianismo de fronteira" (alguém pode me acusar de preconceito quanto a isso). Um muçulmano, creio que não, pois este, na verdade, parece sequer aceitar grandes porções do novo testamento em que atestam a preexistência de Jesus (pelo menos nisso, um mórmon e um testemunha de jeová aceitam). Sinceramente, acredito que a "lógica teológica" impele à crença na divindade de Jesus. Algo menos do que isso, conforme afirmo e reafirmo, faz com que haja a necessidade da rejeição da ideia de um salvador pessoal.

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