Deus estava em Cristo
“pois Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo...” (2 Co 5.19)
“Será que este Deus – que requer um sanguinário sacrifício humano – ainda merecedor de adoração hoje, ao trazermos finalmente esta idéia ofensiva para a consciência” (John Shelby Spong, em “Um novo cristianismo para um novo mundo”, p. 33)
Uma das críticas mais inconsistentes que ouço em de alguns teólogos, sejam de outras religiões, ou mesmo protestantes liberais, é a idéia de que Deus precisou matar o Filho para nos amar. Tipo, eles dizem que se mantivermos a doutrina ortodoxa acerca da salvação, estaremos a dizer que Deus é cruel, pois só poderia nos perdoar à custa de sangue inocente.
Entretanto, este é o problema de alguém que não observa o grande mistério da salvação por todos os seus ângulos, ou insiste em não se atentar a todo o conselho de Deus.
Primeiramente, Deus não precisou matar o Filho para nos amar. Muito pelo contrário. As Escrituras nos dizem que Deus nos deu o seu Filho justamente porque nos amou (João 3.16). Não existe um ato do Filho em tentar desviar a ira de Deus e atrair o seu amor. Muito pelo contrário, o próprio ato de amor do Pai que nos dá o Filho.
Outra coisa que é preciso levar em consideração, é que, na morte de Cristo, Deus não esta a dar alguém diferente de si. Ele dá de si próprio. Então, não há que se falar em derramamento de sangue de um inocente, que não seja o próprio Deus. Daí a assertiva paulina de que “Deus estava em Cristo”. Ou seja, na cruz, Deus dá de si mesmo. É uma autodoação de Deus.
Então, não é Deus que requer um sacrifício humano, conforme Spong quer fazer parecer grosseiro. É Ele, o Filho, que não julgou ser igual a Deus coisa a que devia se apegar, antes, tomou a forma de homem, como homem, viveu a vida de servo, e como servo, morreu a morte de cruz, para, tomar os pecados da humanidade sobre si, e destruí-los, rasgando o escrito de dívida que havia contra nós na cruz.
Por isso, quando estudamos soteriologia, ou, o estudo da salvação, devemos procurar associá-la a todo o conselho de Deus, a toda a revelação que diz respeito ao seu próprio ser, a sua própria pessoa. Teólogos que assumem o posicionamento de Spong, que tão somente citei como exemplo, acabam com o tempo negando, ou transmutando o próprio sentido da palavra pecado.
A morte substitutiva, redentora, propiciatória, justificadora e reconciliatória (entre outros aspectos) de Cristo na cruz em favor da humanidade é pedra fundamental do cristianismo, sem a qual este provavelmente deixaria de existir. Na cruz, em Cristo Jesus, antes de qualquer coisa, vemos um ato de amor da parte de Deus, vemos Deus doando-se de si mesmo, nos reconciliando com Ele mesmo, fazendo por nós o que nenhum outro poderia fazer. Daí, dizermos que Cristo é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus, pois tão somente assim poderia servir de perfeito intermediário entre Deus e a humanidade.
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