493 anos de Reforma Protestante
Olá, prezados leitores!
No último domingo, comemoramos 493 anos da Reforma Protestante.
Minha agenda não me permitiu elaborar nenhuma postagem a respeito do tema.
Ocorre que não queria deixar passar em branco esta data que foi um marco, tanto para a história das religiões, como para a história do próprio ocidente.
Geralmente, quando estudamos a Reforma, partimos do ano de 1517, mais precisamente do dia 31 de outubro, que foi o dia em que Lutero afixou as suas 95 teses na porta do castelo de Wittemberg, combatendo, mais precisamente, o sistema de indulgências.
Obviamente, a história sempre precisa dos seus marcos para marcar determinadas ocorrências.
Entretanto, a Reforma não foi um movimento que ocorreu de repente, como que em um ato único de revolução, ou de rompimento com a Igreja Católica.
O descontentamento com a Igreja já ocorria muito tempo antes. Vale até mesmo a observação de que a maior parte dos países que aderiram ao movimento reformista nunca havia feito parte da própria cultura latina que identificava muito mais os países do sul da Europa com o Império Romano. Acho que este é um dado da história que não pode ser ignorado.
Por isso, antes de se falar em Reformadores, fala-se em pré-Reformadores. Gente que, de algum modo, gostaria de ver a igreja transformada, e eu gostaria de dar atenção especial a um deles, que foi o Padre João Huss (1373-1415).
Huss estudou em Oxford e foi discípulo de Wycllif (1328-1384). Ele aderiu à boa parte das idéias de seu mestre, e, após alguns anos de sua formação, foi reitor da Universidade de Praga.
Era um bom pregador, e conhecido por ter uma vida realmente exemplar.
Parece-me ter vislumbrado com maior ênfase a doutrina da justificação pela fé somente com maior clareza, inclusive, que seu antigo mestre. Quando Lutero estava em meio a um debate sobre sua teologia, foi acusado de "hussita", e ele negou com veemência (na verdade, desconhecia as idéias de Huss), mas depois estudá-lo rapidamente, no mesmo debate acabou dizendo "realmente, sou".
Fato é que, Huss foi chamado para expor suas idéias no Concílio de Constança, em 1415, e havia recebido um salvo conduto imperial para tanto, ou seja, a promessa de que não seria executado.
Entretanto, foi traído nesta questão, e como não quis abdicar de seu pensamento, acabou que sendo condenado à fogueira como herege.
O referido concílio acabou que por condenar também Wycliff, que, apesar de morto, foi desenterrado, seus ossos queimados, e jogados no rio.
Entendo que Huss é um dos exemplos mais inspiradores da Reforma Protestante. Acho que até mais que Lutero e que Calvino, não obstante estes terem levado suas idéias adiante.
Isto porque, ao que me consta, Huss viveu realmente uma vida piedosa, e foi um verdadeiro mártir da fé. Poderia continuar usufruindo do seu cargo, mas abriu mão disto por aquilo que entendia ser a verdade.
Expressou a própria fraqueza do Cristo na cruz, e inspirou o povo daquela nação, sendo um herói nacional até os dias de hoje.
Particularmente, eu entendo que os representantes da Igreja oficial pisaram em terreno sagrado quando fizeram o que fizeram. Tocaram em solo santo.
E não puderam evitar os acontecimentos que se seguiram.
A vida de Huss, além de inspirar os reformadores, acabou por influenciar o surgimento do movimento Morávio, que foi a ala mais missionária do protestantismo de então.
E foram os moravianos que "converteram" o já presbítero John Wesley.
E Wesley, como todos sabem, é um dos grande ícones, tanto do metodismo, quanto do movimento evangelical mundial.
Huss sendo levado à execução. Percebam, os representantes da Igreja, inflexíveis, atrás de Huss. O homem com a espada, provavelmente, aquele que o traiu. E a mulher ajoelhada, ao canto, talvez represente a própria piedade e o sentimento popular naquela questão, ou alguém que gostaria que ele abdicasse de suas idéias para salvar sua vida.
A execução de Huss. O chapeú, salvo melhor juízo, tinha o desenho de três demônios, e estava escrito "eis aí um herege".
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