A atitude pastoral dos apóstolos
Meditando um pouco na primeira epístola de Paulo aos Tessalonicenses, pude perceber um pouco da atitude pastoral dos apóstolos para com aqueles que deles aprenderam o evangelho.
Em primeiro lugar, percebo que os apóstolos ofereceram aos Tessalonicenses o “evangelho de Deus” (2.8). Igreja não é lugar para especulação filosófica e intelectual. Igreja é lugar para a pregação do evangelho. Não há tarefa mais urgente do que essa. Salvar os que crêem pela loucura da pregação. Os apóstolos são enviados com uma mensagem, e a esta mensagem devem manter-se fiéis. Não têm o direito de inovar.
Em segundo, os apóstolos ofereceram aos seus ouvintes a sua própria vida (2.8). O evangelho não é somente uma especulação filosófica. O que dá conteúdo à mensagem é a vida do mensageiro. A atitude pastoral dos apóstolos é oferecerem a si próprios. Não são pregadores de palco. Não são profissionais, nem professores distantes. Oferecem-se a si próprios, assim como o próprio Cristo anteriormente a eles se ofereceu. É como se não houvesse tempo demarcado em suas próprias vidas em que dissessem: agora é hora de estar com eles, agora não é. Pelo contrário, ofereceram suas próprias vidas.
Em terceiro, utilizaram de recursos próprios para proclamar o evangelho, pois não viveram à custa de seus ouvintes (2.9). Não que haja algo de errado em recolher ofertas e salário da igreja; entretanto, há contexto em que tal coisa é muito difícil, talvez impossível. Mas isso não era obstáculo aos apóstolos para que o evangelho fosse entregue. E o mais interessante é que eles fizeram desta necessidade inclusive um motivo de exemplo a ser imitado pelos tessalonicenses. Ou seja, o mote dos apóstolos para com os seus discípulos não era o sucesso próprio, o enriquecimento material.
Outro aspecto notável da atitude pastoral dos apóstolos é que eles estavam entre seus discípulos como “ama que acaricia os próprios filhos” (2.7). É uma cena realmente notável. É um aspecto materno da atitude pastoral apostólica. Não há nada mais tenro e doce do que uma mãe que cuida dos seus próprios filhotes. Pois tal coisa retirada da natureza é chamada à própria meditação pastoral de todos nós.
E conforme já mencionado, a pregação apostólica não se perdia nas raias da teoria sem prática; muito pelo contrário. Paulo enfatizou o quão “piedosa, justa e irrepreensivelmente procederam entre os seus discípulos” (2.10). Uma vida absolutamente transparente, sem máculas, isenta de reprovação. Sem escândalos de nenhuma espécie.
E não bastasse o aspecto materno do cuidado apostólico, Paulo fala também de outro paterno, pois diz que os tratou como pai trata a seus filhos (2.11). Ou seja, o cuidado pastoral não expressa somente o paradigma materno do cuidado para com os filhos, mas também o paterno. Talvez Paulo estivesse pensando tanto na ternura quanto na firmeza do cuidado para com seus discípulos, buscando-se sempre um equilíbrio.
E interessante também é que os apóstolos, não tratavam a multidão como massa. Muito pelo contrário, pois Paulo disse que cuidaram de “cada um de vós” (2.12). Ou seja, disciplinaram um a um. Cuidaram de um por um. Os apóstolos formaram uma equipe pastoral que cuidava de cada membro da igreja, “exortando, consolando e admoestando para que cada qual vivesse de modo digno de Deus” (2.12). Cada membro foi objeto do cuidadoso amor dos apóstolos.
Todos aqueles que de algum modo exercem a função pastoral devem estar atentos aos exemplos dos apóstolos. Tais ensinamentos são válidos, na verdade, para todos os membros, pois somos exortados a cuidarmos uns dos outros. Somos chamados a sermos uma comunidade de amor, que vive e transmite o evangelho, nos mesmos termos que os apóstolos fizeram.
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