Deve existir um local sagrado para os evangélicos?
Recentemente houve uma polêmica
em um município de Santarém, referente a realização do carnaval em um local
conhecido como “Praça da Bíblia”.
Cuida-se de uma localidade
em que aparentemente são realizados cultos evangélicos, e talvez outras
atividades que o Conselho de Pastores local denominou de culturais.
Se as publicações que
relataram o assunto forem fidedignas, cuida-se de um local em que os
evangélicos consideram sagrado, de modo que os pastores locais protestaram
contra a realização da festa carnavalesca naquela localidade.
Particularmente, não
tenho o condão de desrespeitar eventuais sentimentos das pessoas envolvidas,
mormente porque, ao que parece, se entendi direito, o povo evangélico ajudou a
reformar a dita praça. Entretanto, não me parece lógico, do ponto de vista do
nosso atual modelo jurídico e político, separar um local público e proibir
atividades que não sejam de cunho de determinada religião. Existe um sistema jurídico
em que entidades privadas, após as devidas providências diante da prefeitura,
poderão utilizar do espaço público para fins pacíficos.
Por outro lado, mesmo
no aspecto teológico, tenho minhas dúvidas se para o protestantismo
determinados lugares podem ser considerados sagrados. O movimento protestante
foi um dos mais radicais no que se refere à dessacralização do mundo. Ou seja,
não há mais templos sagrados (e sim locais de culto), nem homens sagrados acima
de outros (todos são), nem imagens sacras, ou coisas do tipo. Nem a Bíblia
Sagrada tem alguma importância enquanto capa de couro e folhas de papel.
Por isso, tentar separar
um local público sob essa perspectiva de sua suposta sacralidade me parece
carecer de sentido, tanto político quanto teológico, com o devido respeito dos que pensarem ao contrário.
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