497 anos da Reforma Protestante


497 anos da Reforma Protestante
Uma rememoração de seus princípios

A Reforma Protestante foi um movimento cujo início é creditado a Martinho Lutero, um monge da ordem de Santo Agostinho que se revoltou contra o sistema de cobrança de indulgências da igreja romana, cuja renda seria destinada para a construção da Basílica de São Pedro, em Roma. Lutero criou suas famosas 95 teses que criticavam o referido sistema. Após tentativas de Roma de fazer com que Lutero mudasse se retratasse, ele foi excomungado da Igreja Católica. A proteção que recebeu de autoridades alemãs impediu que ele fosse executado como tantos outros antes dele.

A Reforma foi um movimento muito diversificado, pois na verdade, ela se iniciou muito antes de Lutero, com pessoas e movimentos diferentes, como por exemplo, John Huss, John Wycliffe, o movimento valdense, entre outros. Mas foi com Martinho Lutero que a Reforma ganhou mais expressão. Na Alemanha, tivemos os luteranos, na Inglaterra, os anglicanos, no continente europeu, os Reformados (com Zwínglio e João Calvino) e anabatistas (Balthazar Hubmeier, Menno Simons, etc). Hoje, além daquele, temos os metodistas, batistas, pentecostais, entre muitos outros, que enriqueceram todo o movimento protestante espalhado pelo mundo.

Embora tenha existido esta diversidade de movimentos, podemos extrair alguns princípios em que os herdeiros da Reforma Protestante devem concordar entre si.

Em primeiro lugar, o ser humano é salvo somente pela graça de Deus (Sola Gratia), não havendo nenhum mérito nosso para que possamos merecer a salvação. A salvação é dom imerecido de Deus (Efésios 2.8-9), e não vem de obras, para que ninguém se glorie. Ninguém pode ser salvo pelos seus próprios esforços.

Em segundo lugar, somos “justificados somente pela fé” (Sola fides). A fé é o instrumento pelo qual recebemos a graça de Deus, e a própria fé é dom de Deus (Efésios 2.8-9; Romanos 3.23-28).

Em terceiro lugar, “somente em Cristo há salvação” (Solus Christus). Não há outro nome do qual possamos ser salvos (Atos 4.12). Na prática, tal pensamento implicou gradativamente no fim da prática em se fazer intercessão aos santos para que estes, por sua vez, intercedessem a Deus em favor da igreja. Tudo agora passava a ser concentrado em Cristo, único mediador, salvador, intercessor da igreja.

Em quarto lugar, somente a Escritura Sagrada passa a ser o padrão doutrinário e moral final da Igreja (Sola Scriptura), o seu verdadeiro alicerce. A Escritura tem todas as coisas necessárias à salvação e a um reto viver (2 Timóteo 3.16), não havendo nada fora dela que obrigue algum cristão precise acreditar. 

E em quinto lugar, toda a glória pela criação, redenção, salvação, bem como toda a vida do fiel deve ser vivida para a glória de Deus (Soli Deo Gloriae). Tudo na vida de um cristão deve ser avaliado por este princípio, de que, quer comamos, quer bebamos, quer façamos qualquer outra coisa, devemos fazer para a glória de Deus (I Coríntios 10.31).

Em sexto lugar, embora não faça parte dos “cinco solas” da Reforma Protestante, mas um princípio muito ressaltado pelos reformadores foi o “sacerdócio universal de todos os crentes”. Todos os crentes fazem parte do sacerdócio real (I Pedro 2.9). Isso significa que não há mais uma classe de sacerdotes chamada clero que faça uma intermediação entre os homens e Deus. Existem, é verdade, ofícios, ministérios diferentes na igreja, mas todos são sacerdotes.

E em sétimo lugar, há também um princípio muito importante de que a igreja reformada deve estar sempre se reformando (Ecclesia reformata semper reformanda). Ou seja, sempre com o cuidado de não perder a sua essência, a igreja nunca atinge o seu ápice a ponto de não poder melhorar e se adaptar às novas situações necessárias para o cumprimento da sua missão. Não existe um padrão final e imutável para a igreja.

Haveria muitos outros princípios e doutrinas que poderiam ser expostas que levam uma marca nitidamente protestante, mas cuja mera citação mereceria páginas e páginas de reflexão.

Passados 497 anos da Reforma Protestante, muitos dos novos evangélicos conhecem muito pouco da história de suas origens. Talvez a maioria nem saiba o que é o protestantismo de fato. Sequer conhecem os princípios aqui mencionados. Por isso, faríamos muito bem, penso eu, em espalhá-los, divulgá-los, ensiná-los, para que não percamos de vista nossas raízes, origens, e o que nos torna diferente dos outros cristãos católicos e ortodoxos espalhados pelo mundo. Além do que são princípios muito importantes para a nossa própria salvação e espiritualidade.

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