O conflito católico/protestante pode ser considerado sempre ruim para o cristianismo?

Não temos dúvida de que guerras por motivos religiosos sempre trazem um grande flagelo, como a conhecida guerra dos trinta anos (que não era, diga-se de passagem, somente religiosa).

Após a Reforma Protestante, e os conflitos que daí se seguiram, a maior parte dos países se dividiu também religiosamente, entre católicos e protestantes.

Séculos depois de tais acontecimentos, seguiu-se um grande esfriamento da religião. Por exemplo, ninguém pode negar que a religião católica na Espanha, Portugal, França e Itália está em franco processo de decadência. Também na Inglaterra, Holanda, países nórdicos, predominantemente protestantes em sua história, as igrejas estão fechando as portas.

Qual seria o motivo de tanto esfriamento da religião na Europa?

Claro que, em um primeiro momento, os livros irão nos ensinar que, após o renascimento, reforma e iluminismo, o velho continente entrou em um processo de laicização impossível de retroceder.

Entretanto, gostaria de acrescentar um item que pode contribuir para essa questão.

Todos esses países europeus, em maior ou menor grau, mantiveram uma religião oficial em seus territórios, seja católica ou protestante.

Isso fez, a meu ver, com que a religião “descansasse” na proteção estatal. Algumas dessas igrejas até recebem dinheiro diretamente do Estado, por via de impostos.

Talvez não tenha havido (ou houve muito pouca) dialética, competição religiosa.

Isso talvez tenha feito com que a religião esfriasse. Havia uma primeira geração de crentes fiéis, mas depois cada qual se acostumava com sua própria tradição, até que o fervor religioso se esfriava totalmente.

Entretanto, naqueles locais em que protestantes e católicos conviveram e disputaram, parece não ter sido assim. Vejamos o exemplo norte americano. Naquele país, cada religião teve sua própria oportunidade de florescer, caminhar com suas próprias pernas, sem ajuda predominantemente do Estado. Parece-me que por isso, naquele país predominantemente protestante, a igreja católica seja tão poderosa, e a igreja ortodoxa seja também bastante pulsante. O Brasil e a América Latina de modo geral seguem o mesmo exemplo atualmente.

Isso me faz pensar que um ambiente pacificamente laico que permita certa dialética e disputa religiosa é bom inclusive para as igrejas. Isso não significa que a religião terá a mesma “glória” do passado (se é que aquilo poderia ser chamado de glória. Particularmente, entendo, por exemplo, que os últimos papas dos meados do século XX para cá são muito mais respeitáveis do que seus antecessores medievais). Fato é que, a liberdade parece trazer benefícios para todos.

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