A violência em nome da religião - o que pode evitá-la

Fico a me perguntar se existe alguma coisa mais insana do que a violência em nome de uma religião.

Estupros. assassinatos, espancamentos... estas coisas acontecem no âmbito da existência, mas quando acontecem em nome de Deus... é terrível! Mais chocante ainda quando se diz que tal Deus é clemente e misericordioso...

Entretanto, em pleno século XX, é isso que vemos. Hinduístas perseguindo muçulmanos e cristãos. Outros milhões de pessoas querendo impor, ou concordando com a imposição da "sharia" (lei islâmica) ao restante do mundo. Outros, degolando, estuprando, matando em nome de Alá. Evangélicos querendo impor, ainda que pela via institucional, um projeto cristão em estados reconhecidamente laicos (há um projeto que quer alterar a constituição brasileira dizendo que "todo poder emana de Deus"). Estados confessionalmente ateus impondo limites ao direito de alguém crer ou não em determinada religião. E por aí vai...

Um dos direitos consagrados do Estado moderno é o da liberdade de crença religiosa (ou mesmo de não se crer em nada). É o direito que garante a possibilidade de pessoas de diferentes crenças e credos conviverem juntas em um espaço comum. É possível inclusive que algum país tenha uma religião oficial, como a Inglaterra (anglicanismo), Noruega (Luteranismo), Argentina (Catolicismo) e ainda assim haja liberdade de culto para outras religiões. Daí, a diferença que existe entre um país com uma religião oficial (ou patrocinada pelo estado) e outro fundamentalista (que obriga que seus cidadãos objetivamente confessem determinados preceitos religiosos). Por isso entendo que professores de direitos humanos, de direito constitucional, religiosos de todos os tipos, entre outros, devem ensinar a se valorizar os direitos historicamente conquistados, pois estão constantemente sob o risco de serem solapados.

Muito se matou, e ainda se mata em nome da religião. Não importa a sua, o quanto você a considera certa, não se permita ser dominado pela sedução do poder. Precisamos fortalecer, em nossa sociedade, o respeito por aqueles que creem de forma diferente da nossa. Ninguém está pedindo para você abrir mão de sua religião. Mas somente para não ceder a tentação de tentar impô-la pela força política.


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