Perseguidos por causa da justiça



Evangelho segundo S. Mateus, Cap. 5, vers. 10-12


Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;

Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.

Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.



Quando vivemos os valores expressos nas bem aventuranças, há uma grande possibilidade de sofremos perseguições por causa da justiça.

Quando não sofremos perseguições por causa da justiça, existe uma grande possibilidade de ser pelo fato de não vivermos os valores expressos nas bem aventuranças.

Há, na verdade, uma boa possibilidade de vivermos uma domesticação da fé, ou servirmos a um ídolo que criamos, um "deus domesticado".

Um deus bom para feriados nacionais, batismos, casamentos e outras festinhas. Um deus "fada madrinha" que nos ajuda a sermos mais vencedores dentro do sistema; sistema esse que escraviza, mutila, mata, enlouquece, que impede de se ir para o deserto adorar, que empobrece. É neste sistema que temos orgulho de sermos "mais que vencedores"?

O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó sai dos desertos mais obscuros, e pelo seu servo, joga em rosto a injustiça do governador romano, pela boca de um João Batista. O Deus dos patriarcas sai dos recondidos de Nazaré, um lugar de ninguém, que nem no mapa tem, e, nas palavras de Jesus, joga em rosto das autoridades sacerdotais sua injustiça, pois saqueiam as viúvas, negociam vidas com o explorador, para não perderem seu posto de dominação.

Este é o Deus da Bíblia. Cheira a ovelha, cheira a cabrito, cheira a areia, cheira a madeira. O Deus todo poderoso, incontido pelos dogmas das igrejas, incontido pela domesticação de padres, pastores, rabinos e sacerdotes. Deus que ainda diz que prostitutas e publicanos precederão os religiosos no reino dos céus. Deus que ofende o pecador no seu pecado, o injusto em sua injustiça; um Deus que não deixa ninguém sossegado, porque ama, porque acredita, porque insiste em ter esperança em gente como a gente. 

Quem de nós já foi bem aventurado a ponto de ser comparado a um dos profetas de Deus?

Se você teve este privilégio, a loucura do evangelho de convida a dar "pulos de alegria" (Jonh Stott), pois finalmente aprendestes a viver como Cristo viveu, andar como Cristo andou, falar como Cristo falou.

O restante de nós, que ainda não aprendeu, continuará a viver um pseudo-cristianismo, na esperança de um dia realmente se converter ao Deus de Abraão, Isaque, Jacó, Jeremias, Isaías, João Batista, Jesus, Estevão, Paulo, Pedro Justino, Crisóstomo, Wesley, Bonhoeffer, Luther King, e tantos outros, que deixaram seu rastro de sangue escrito na história dos profetas de Deus.

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