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Mostrando postagens de dezembro, 2014

Aliança

E ntre pastores e fiéis não existe um contrato. Existe uma aliança (Henri Nouwen). De fato, se contrato um dentista e ele não me atende como eu gostaria, eu posso dispensá-lo e contratar outro. Assim também com o advogado, o psicólogo, o carpinteiro. Entretanto, com o ministro do evangelho não é assim. Se eu e ele estamos no mesmo ministério, não há uma relação contratual. Não é porque sou dizimista, contribuinte, que o ministro é o meu empregado. Não. Com ele sou aliançado. Assim também, da perspectiva do ministro, se o fiel vai embora, se desliga, começa a dar trabalho, não se pode considerar o contrato como quebrado. Alguém há de permanecer fiel nesta relação, mesmo que o outro se torne infiel, mesmo que o outro se vá. Pois o que existe, não é o contrato, e sim uma aliança. E o desejável é que alianças não sejam facilmente quebradas, embora isso possa ocorrer.

Verdadeiras mães, verdadeiros pais

Quando Paulo escreveu sua primeira carta aos tessalonicenses ressaltou algumas questões do modo como ele os tratou. No que se refere à possibilidade de exigir da igreja a sua própria manutenção, ele ressaltou: “todavia nos tornamos dóceis entre vós, qual ama acaricia os seus próprios filhos ” (1 Tess 2.7).  Paulo continua sua epístola, ressaltando o procedimento dele e de seus companheiros perante os seus leitores, a ponto de dizer: “E sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos ...” (1 Tess 2.11). Ou seja, em uma rápida passagem, Paulo comparou a si mesmo e a seus companheiros pastores de mães e pais da nascente igreja em Tessalônica. Creio que assim deve ser o coração pastoral. Ora, tratar a todos como verdadeiras mães, acolhendo, acariciando. Ora, como verdadeiros pais, exortando, aconselhando, protegendo. Não deve ser fácil para nenhum pastor assumir esta postura, mas é exatamente isso que Paulo disse de si mesmo e de seus companheiros. Daí, a necessidade de past

Um ardente coração pastoral

O capítulo 15 do evangelho de Lucas nos traz uma meditação acerca da parábola da ovelha perdida, em que o pastor deixa noventa e nove ovelhas para trás e sai em busca de uma solitária. Parece algo meio estranho de se fazer, deixar noventa e nove e ir atrás de uma só... Somente com um coração pastoral podemos compreender profundamente o sentido desta parábola. Por algum motivo, muitas pessoas deixam o nosso convívio comunitário. Muitos deixam de congregar conosco. Isso faz parte da rotina de uma comunidade. Entretanto, há algumas pessoas que nos são muito queridas, que realmente andaram ao nosso lado, junto conosco. Por algum motivo, elas querem sair do aprisco, deixar a igreja, a comunhão dos irmãos. E, de vez em quando, o Senhor nos dá a oportunidade de encontrá-las nos caminhos da vida. É aí que o nosso coração arde, com o desejo de que tal pessoa possa estar novamente conosco.  Nem sempre são ovelhas que saem por aí totalmente perdidas, fazendo coisas erradas, desa

Praia, sol e funk

Estou em Ubatuba, no litoral paulista, em uma semana de férias. Já faz algum tempo que a semana do Natal é a única em que consigo tirar uns dias com a esposa. Manhã de sol. Famílias na praia. Logo de cara, uma caminhonete. Caixas de som para fora. Um som alto no ritmo que se acostumou denominar de “funk” com uma letra inenarrável. Meninas jovens dançam de forma sensual, tudo regado à bebida alcoólica e um cheiro no ar que não deixa dúvidas. Não tenho o condão de criticar nenhum estilo musical, eu mesmo, aprecio black music, hip hop, jazz, do verdadeiro funk e também do miami bass (que é o que o pessoal aqui no Brasil chama erroneamente de funk). Entretanto, há algumas formas culturais que entendo serem relativamente perniciosas socialmente falando, e creio que esta é uma delas. Convivo na periferia de São Paulo. Sempre vemos, o tempo todo, meninas grávidas, crianças gerando crianças. Um professor meu já disse certa vez que o sexo é a festa do homem pobre, e a miséria d

Uma meditação sobre o desapego

Durante muito tempo em minha vida sofri por verificar que a maior parte das coisas não acontece da maneira como gostaria. Tanto esforço, por exemplo, na vida profissional, quando vem alguma decisão, “do alto”, da maneira diametralmente oposta àquilo que considerava o mais correto. Achava que as coisas tinham que acontecer do jeito do que eu queria. Foi quando percebi que um dos maiores (ou o maior) bem que eu possuo sou eu mesmo, aquilo que sou e me tornei com os meus próprios valores. Nada me pertence, a não ser eu mesmo, e olhe lá. Esta frase “nada me pertence” foi realmente libertadora para mim. A empresa que eu trabalho, na verdade, não é minha. As instituições que participo. A vontade dos outros ao meu redor. Nada é meu. Tudo o que posso fazer é dar o melhor de mim, dos meus valores, mas desapegado dos resultados. E de algum modo, quando deixei a vontade de me apoderar das coisas, de algum modo misterioso, elas vieram até mim. Vejo que a maior parte das pessoas adoece

Os magos que presentearam o menino Jesus

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O capítulo dois do evangelho segundo Mateus nos relata acerca de uns magos que vieram do Oriente para presentear a Jesus. Uma estrela os guiou até Jerusalém, e depois até Belém da Judéia. Não sabemos ao certo quem eram estes magos. A tradição diz que eram três e que eram reis. A lenda diz que foram até mesmo batizados e que seus ossos estão conservados até o dia de hoje. Mas não podemos saber ao certo. Talvez fossem sacerdotes persas ou babilônios. Estes últimos estudavam as estrelas. Talvez tivessem tido até mesmo contato com as escrituras judaicas. Fato é que eles seguiram uma estrela da qual pouco se sabe. Salvo melhor juízo, não há nada no antigo testamento que nos diga exatamente que estrela seria aquela. Ao que tudo indica, de algum modo misterioso, Deus falou àqueles sábios gentios dentro de seu próprio campo de conhecimento. Depois, melhor direcionados pelas Escrituras, eles foram até Belém da Judéia, mas novamente foi a estrela que mostrou a casa certa.

Herodes, os magos e a estrela

O capítulo dois do evangelho de Mateus relata acerca de uns magos do Oriente que, após a observação de uma determinada estrela, entendem que havia nascido o rei dos judeus. Eles vão até Jerusalém, e procuram saber onde nasceu o menino para que possam prestar suas homenagens. O texto diz que Herodes e toda Jerusalém ficaram alarmados. Herodes era um homem do tipo mais cruel possível. Em sua biografia temos o assassinado de pessoas muito chegadas a ele, somente pelo fato de se achar ameaçado em seu reinado. Mandou assassinar o seu cunhado, que foi um importante sacerdote, também a sua amada esposa Mariana, e os dois filhos que dela foram concebidos. Herodes foi cruel, astuto e desumano. Quando os magos se achegaram a Jerusalém, Herodes convocou uma reunião com os principais sacerdotes e escribas para descobrir onde nasceria o Cristo. E, conforme a profecia de Miquéias, o local seria Belém de Judá. Após, Herodes chamou os magos, inquiriu acerca da estrela, e os enviou à B

Maria, a serva do Senhor

Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. Lucas 1:38 Segundo  a narrativa bíblica do nascimento de Jesus, o anjo Gabriel foi enviado a uma jovem virgem, desposada, de nome Maria. Aquele mensageiro de Deus foi incumbido de dar a mais aguardada de todas as notícias, segundo a expectativa judaica do nascimento do Messias. O Espírito do Senhor cobriria Maria com a sua sombra, e ela conceberia do Filho de Deus, o rei de Israel. Embora Deus seja soberano e faça tudo conforme o beneplácito de sua vontade, Ele não forçou Maria a nada. A adesão à vontade divina é crédito da jovem de Nazaré. Ele jamais determinaria uma gravidez forçada sobre aquela que conceberia o seu Filho. Por outro lado, precisamos avaliar o risco que Maria cometeu ao aceitar a incumbência divina. Ela era somente uma jovem virgem. O que seus pais pensariam de vê-la grávida? E José, como reagiria? E as pessoas de toda a sua aldeia? Ela correria inclusive risco de morte,

Maria, humilde e escolhida

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N azaré era uma aldeia das mais simples da região da Galileia. Ficava a 140 km de Jerusalém, uns três dias de caminhada. Nada lá havia de importante, seja no sentido político, econômico ou religioso. É possível até que fosse um lugar de má fama, pois Natanael perguntara aos primeiros discípulos de Jesus: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré” (João 1.46)? Entretanto, foi a uma virgem simples de Nazaré que o anjo Gabriel foi enviado. Não foi a uma princesa de Roma, nem mesmo a uma sofisticada mulher grega, ou mesmo a alguma nobre de Jerusalém. Não. Por algum motivo, que somente a soberania de Deus poderia explicar com absoluta precisão, foi escolhida uma jovem virgem da aldeia de Nazaré. Ou seja, foi escolhida para ser a mãe de Jesus uma jovem Virgem de uma aldeia insignificante de uma região não lá muito importante do mundo (Galileia). Isso parece apontar em uma direção no sentido de que há algo no evangelho que parece denotar uma certa preferência por aquilo ou por aqueles que

Zacarias, pai de João, e Maria, mãe de Jesus

"Aqui esta a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a sua vontade" (Lucas 1.38) O texto da anunciação do nascimento de Jesus é um dos mais belos das Sagradas Escrituras. Um exercício bastante interessante é comparar Zacarias, pai de João Batista, com Maria, mãe de Jesus. Ou seja, comparar os dois anúncios feitos por Gabriel acerca dos nascimentos de João e de Jesus. Zacarias era homem, casado, sacerdote e idoso. Maria era mulher, desposada (um compromisso que se fazia antes de se casar, que não implicava em coabitação) e jovem (uma virgem de aproximadamente uns quinze anos talvez). Não há menção a nenhum ofício que Maria exercia, mas provavelmente vivia a vida comum de qualquer jovem da idade dela, talvez ajudando nos afazeres domésticos. Gabriel, quando da anunciação do nascimento de João Batista, vai até o templo falar com Zacarias. O templo era o local de trabalho daquele idoso sacerdote. E o templo seria um tipo de lugar comum para a manifestação da g

Do cuidado com o nosso falar

Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.  Tiago 3:2   Há  um pecado que sempre corremos o risco de cometer: a maledicência. Por isso, é bom nos atentarmos ao que as Sagradas Escrituras ensinam sobre esta questão: 1 – A boca revela o que há no coração de uma pessoa: O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca.   Lucas 6:45 . O falar da boca revela o que há no coração humano. Ou seja, quando a Escritura fala em coração, fala daquilo que esta no interior humano, no profundo do seu ser, da sua mente, da sua alma. Hoje, talvez possamos dizer: “daquilo que o homem tecla está cheio o coração”. Há cristãos que compartilham sensualidade, palavrão, coisas imorais. É preciso tomar cuidado com isso. Também é preciso tomar cuidado com a auto exposição, a vaid