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Mostrando postagens de agosto, 2010

Católicos X Protestantes

C atólicos falam mal de protestantes. Protestantes falam mal de católicos. Mas onde o protestantismo não chegou, o catolicismo esfriou. E onde o catolicismo foi completamente expulso, foi o protestantismo que se esgotou. Mas onde foi permitida a guerra aberta entre ambos, o fervor religioso continuou. Mais do que católicos e protestantes gostam de admitir, parece que ambos necessitam um do outro. O protestante precisa do catolicismo para o combater. E o catolicismo, do protestantismo para reagir. Será o ecumenismo, como dizem os conservadores de ambos os lados, a destruição das duas religiões?

Espiritualidade Cristã - Introdução

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H á algumas semanas tive a oportunidade e o privilégio de ministrar um curso sobre espiritualidade cristã na Faculdade de Teologia Metodista Livre. O curso consistiu em três encontros de seis a sete horas cada, valendo como módulo para a formação de bacharéis em teologia. Vou aproveitar o esboço daquelas aulas e postar por aqui um pouco do que compartilhamos por lá, adaptado, da melhor forma que conseguir, para textos escritos em blog (textos curtos e escritos de forma simples). Há diversos tipos de espiritualidades no mundo. Há uma espiritualidade espírita, outra islâmica, budista, e alguns até falam em espiritualidade agnóstica ou atéia. Obviamente, o nosso curso se limitou à cristã. Mas, mesmo falando em cristianismo, temos obviamente, muitos tipos de espiritualidades, o que torna praticamente impossível ministrar todas elas em um curso muito curto. Há a católico-romana, a ortodoxa, e protestante. Mas mesmo assim, só é possível falarmos delas de modo genérico. Isto porque, por e

Dízimos, ofertas e os pobres

S e os evangélicos falassem em ajudar os pobres e os necessitados com a metade da frequência que falam na obrigatoriedade dos dízimos e ofertas, já teriam mudado este país, e talvez, conquistado a simpatia do mundo. Afinal, não é assim que disse o mestre, que, "vendo nossas obras, glorificariam ao Pai que esta no céu"? Não foi o mestre que disse: "Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão nem a traça consome" (Lucas 12.33)? O problema do nosso fundamentalismo é que somos fundamentalistas em alguns textos; em outros somos bem liberais... Toda a Igreja que prega a obrigatoriedade dos dízimos e ofertas para os seus membros tem a obrigatoriedade de possuirem em seus quadros um programa de ação social, visto que, no próprio Antigo Testamento se havia o Dízimo do Pobre, o dia do Perdão (não faz sentido falar de uma coisa sem falar a outra), entre outras medidas de ajuda aos c

A escolha dos amigos, segundo Sêneca

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" D eve-se ter uma cuidadosa escolha dos homens, para sabermos quais são dignos de que lhe consagremos uma parte de nossa vida ou se é proveitoso que com eles percamos tempo, pois alguns nos imputam como dever aquilo que voluntariamente lhes concedemos. Atenodoro diza que nem sequer iria jantar com alguém que pensasse que não lhe devia nada por isso. Penso que compreendes que muito menos iria a casa daqueles que igualam os jantares aos deveres dos amigos, os que contam os pratos pelas dádivas, como se a falta de moderação fosse uma honra aos outros. Aliás, tire-lhes as testemunhas e os espectadores que não se deleitaram com um banquete secreto. nada, pois, é mais proveitoso a uma alma do que uma amizade fiel e doce. Quão bom é encontrar corações preparados para guardar todo o segredo. Tu temes menos a consciência deles que a tua própria. A conversa deles alivia a solidão. As sentenças deles se tornam conselhos. O seu gracejo dissipa a tristeza, a própria presença deleita! Tanto qu

O cristianismo de Tolstoi (3)

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Continuo, nesta oportunidade, postando um pouco do que ensinou Tolstoi, em sua obra "O Reino de Deus está vem vós", editado no Brasil pela Editora Rosa dos Tempos. Vimos, na postagem anterior , que Tolstoi defende o princípio da não resistência ao mal com violência como sendo um preceito obrigatório para todos os cristãos. Segundo nosso autor, nenhum pensador ou teólogo o contradisse de forma condizente. Ele agrupou em seu livro cinco objeções ao seu pensamento, que citamos a seguir: 1ª objeção) A violência não está em contradição com a doutrina de Cristo. Tanto é que, o Antigo Testamento, e alguma passagens do Novo, como a expulsão dos mercadores do templo, por exemplo, apoiam, segundo os tais, a idéia de que Cristo não poderia ser contra a violência. Tolstoi considerou tão ridículo este argumento que nem se deu ao trabalho de refutá-lo, esta que é a verdade. 2ª) Por causa dos malfeitores, é preciso manter a força para proteger os bons. Ele cita o grande bispo

O cristianismo de Tolstoi (2)

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(a postagem anterior pode ser lida aqui ). TESE 1: A doutrina da não resistência ao mal com a violência tem sido ensinada pela minoria dos homens desde a origem do cristianismo. Uma das teses do livro "O Reino de Deus está em vós" é a esboçada acima. Logo no primeiro capítulo de sua obra, Toltoi demonstra que a doutrina da não resistência ao mal com violência, considerada por ele uma doutrina autenticamente cristã, tem sido ensinada pela minoria dos homens em dois mil anos de cristianismo. Chega mesmo a afirmar em outro momento que nós mal sabemos ainda viver e entender o cristianismo (vivacidade, lucidez ou arrogância do nosso escritor?). Dialogou com diversos grupos de pessoas que sustentavam o mesmo princípio da não reação ao mal com a violência, como os quakers, vários defensores do movimento dos direitos civis nos EUA, vários intelectuais, menonitas, entre muitos outros. Mas que, de modo geral, o cristianismo de "mera aparência" abençoou os governos e gove

O cristianismo de Tolstoi (1)

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Eis que surge em minhas mãos a obra "O Reino de Deus está em Vós", de Leon Tolstoi. Para quem não sabe, este russo, que viveu no final do século XIX, foi um dos maiores escritores de seu tempo, com obras como "Anna Karenina" e "Guerra e Paz". Entretanto, em determinado momento de sua vida, chegou a um momento de iluminação tal que entendeu a si mesmo como um seguidor de Cristo. Não demorou, e começou a traduzir o cristianismo de acordo com sua própria visão, um tanto quanto radical, dirão alguns. Ele, a exemplo de um bom protestante liberal, porém, nada burguês, desacreditou de todos os milagres descritos nas Escrituras, bem como desacreditou toda e qualquer organização eclesiástica, chamando-as inclusive de anti-cristãs, principalmente a Igreja Ortodoxa Russa. E quem acha que ele era um bom comunista (pois estas críticas têm cheiro de esquerdismo), caiu do cavalo, pois, Tolstoi, ao que parece, detestava o socialismo/comunismo, profetizando, inclusive, q

Comentário de Caio Fábio à matéria da Revista Época

Conforme já disse certa vez o Ariovaldo Ramos, eu também não tenho o "tamanho" do Rev. Caio Fábio (e, muito menos, o do Ari, rsrsr). Na verdade, cresci ouvindo, vendo e lendo, tanto um quanto o outro. Mas uma coisa eu confesso, com todo o acatamento e respeito. Não entendi ainda a proposta do novo Caio Fábio. Objetivamente falando, o que faz dele alguém que não seja como os demais pastores citados na entrevista da Revista Época. Confesso sinceramente que não entendi. Entendo quando Caio diz "novos reclamões". E que na verdade não são tão novos assim, e que combatem algo no meio evangélico que também não é tão novo assim. Mas acho que precisam reclamar mesmo, mostrar que há uma face do cristianismo evangélico que não é igual ao dos neopentecostais. E homens como Dom Robinson, Ed Rene, Ricardo Agreste, em minha humilde opinião, vivem uma vida diferente do tipo de cristianismo que eles combatem. Por exemplo, a Igreja Batista de Água Branca, do Ed Re

A dor e a alegria de se relacionar, segundo Clarice

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"O homem. Como o homem é simpático. Ainda bem. O homem é nossa fonte de inspiração? É. O homem é nosso inimigo? É. O homem é nosso rival estimulante? É. O homem é nosso igual totalmente diferente? É. O homem é bonito? É. O homem é engraçado? É. O homem é um menino? É. O homem é também um pai? É. Nós brigamos com o homem? Brigamos. Nós não podemos passar sem o homem que brigamos? Não. Nós somos interessantes porque o homem gosta de mulheres interessantes? Somos. O homem é a pessoa com quem temos o diálogo mais importante? É. O homem é um chato? Támbém. Nós gostamos de ser chateadas pelo homem? Gostamos. Poderia continuar esta lista interminável até meu diretor me mandar parar. Mas acho que ninguém me mandaria parar. Pois penso que toquei num ponto nevrálgico. E, sendo um ponto nevrálgico, como o homem nos dói. E como a mulher dói no homem". (Clarice Lispector, em "A descoberta do mundo", ed. Rocco, p. 30)

A fé segundo Rubem Alves

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"O que é fé? É também uma questão de interpretação. Pessoas há que pensam que fé é um recurso mágico que garante que Deus vai nos atender. Para elas, um Deus que não atende pedidos é um Deus muito fraco. Elas desejam garantias. Na minha interpretação é uma relação de confiança com Deus: é flutuar num mar de amor, como se flutua na água. Quem é que ama mais o pai? Aquele que é fiel ao pai porque ele lhe dá os presentes pedidos, ou aquele que ama o pai, mesmo que ele não lhe dê presentes? A gente ama o pai é pelos presentes que ele dá, ou por ele mesmo? Amo a Deus, mesmo que não me dê presentes" (Rubem Alves, em "Coisas da alma", p. 40).

Dar ou não dar esmolas?

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A lguns colegas dizem que não se deve dar esmola... Que tem que dar a vara e ensinar a pescar... Mas eu não sei pescar... Outros dizem que a esmola incentiva a pobreza... Que o cara se acomoda na esmola... Esmola está em descrédito... Mas Jesus mandou dar esmola, senão vejamos: "Vendei os vossos bens e dai esmolas , fazei para vós outros bolsas que não se desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome" (Lucas 12.33) E aí, meu amigo?... A quem iremos ouvir?... Será que não há alguns que estão muito cansados para aprender a pescar?...

Fecha a porta às preocupações

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" A preocupação pesa no espírito, no coração e em toda a alma. Envenena a existência. O que quer que faças, quaisquer que forem tuas responsabilidades materias e espirituais, não engajes a tua alma e nunca permitas que a inquietação a perturbe. É falta de fé e de confiança em Deus. Tudo o que tens a fazer na vida religiosa é obra dele. Faze, generosamente, o que puderes, sabendo que o êxito só depende dele, não de tuas habilidades. Se em nada procuras a própria glória, viverás numa paz inalterável, mesmo que estejas sobrecarregado de afazeres. Uma só coisa a temer: o pecado. Os caminhos de Deus não são os nossos. Jesus triunfa pelo fracasso. Nada mudou em vinte séculos. Sê diligente, emprega os meios mais aptos: é a vontade de Deus" (Dom Estevão Chenevière em "As portas do silêncio", p. 5, Ed. Paulinas).