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Mostrando postagens de dezembro, 2009

As ambiguidades de Pedro

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O Apóstolo Pedro foi um interessante exemplo de uma constante revisitação de sua própria condição de homem falho e pecador. Entre seus arroubos de grandeza e pequenez, temos diante de nossos olhos umas das mais profundas e interessantes figuras da história do cristianismo. Alguém que teve que conviver com suas próprias falhas do começo ao fim de sua carreira cristã. Como um dos que expressavam a mais natural liderança do colégio apostólico, sempre era o primeiro a manifestar seu interesse em alguma missão, sempre o primeiro a pedir a palavra, como naquela ocasião em que, grandiosamente fez a primeira confissão de que se tem notícia de que Cristo era o Messias, o Filho de Deus. Poucas passagens depois já foi chamado de Satanás, o que prefiguraria talvez a ambiguidade do ministério petrino durante a história do cristanismo... A covardia talvez fosse aquele aspecto sombrio do caráter de Pedro que mais lhe custou a ser trabalhado durante sua jornada cristã. Quando os discípul

"Non enim, quod volo bonum, facio, sed, quod nolo malum, hoc ago."

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"...porque não faço o bem que eu prefiro, mas o mal que não quero, esse faço..." (Romanos 7.19). Algumas pessoas entendem que esta passagem, escrita por Paulo, se trata de um sentimento que o cristão tem logo que se converte, ou que seja uma fase, um "locus", um porto, um momento da vida cristã que fica para trás. Homens grandiosos pensaram desta forma. Por exemplo, John Wesley entendia que quando Paulo escreveu algumas epístolas, ele próprio não estava totalmente santificado. Isto porque, Wesley advogava, baseado na doutrina dos antigos padres, e do que entendia ser a melhor interpretação das Sagradas Escrituras, a doutrina da perfeição cristã, qual seja, a possibilidade do cristão viver sem pecar. Bom. Eu, particularmente, não cheguei a este nível de iluminação. Sinceramente, creio que o lamento (ou gemido) de Paulo é algo que constantemente pode retornar para a nossa vida. Isto pode ser tanto uma posição teológica como uma confissão do meu próprio fracasso pessoa

A mais bela história

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“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós...” (Joãoa 1.14). Ainda estou com a cabeça no Natal. Pois é. E, que me perdoem todas as outras religiões, com suas belas histórias de fundação, mas, sinceramente, não conheço uma história tão bela quanto a do nascimento de nosso Salvador e Senhor. Você consegue imaginar isso? O próprio Filho de Deus, o “Logos” de Deus, o Criador, aquele que fez tudo e por meio de quem tudo se fez, tornou-se uma criança, encarnou-se no ventre de Maria. Olha que história maravilhosa. Sei que muitos não acreditam na encarnação, não acreditam no sobrenatural, não acreditam em Deus. Mas permitam-se meditar, “viajar” até neste maravilhoso relato. Nós dizemos que o Criador, o Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores, se tornou um bebê entre nós. Que viveu no ventre de Maria como cada um de nós em sua própria mãe. Que foi um bebê, lindo para os seus pais, que com seus pequenos lábios expressou a mesma fragilidade de qualquer criança, e mamou nos seios de Maria. Acho que f

Melhor é dar do que receber

Não há quem não busque abençoar, que na verdade, não seja muito mais abençoado, afinal, mais bem aventurada coisa é dar do que receber.

Escrituras e Tradição

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Alguns amigos meu evangélicos vivem dizendo que eu tenho um pé no catolicismo. Tudo bem; não tem problema. Ao ler parte do diário de John Wesley, este dizia que constantemente era chamado de "jesuíta" de "papísta", por seus amigos calvinistas. Não que eu seja algo parecido com o santo Wesley; mas já é fonte de consolo saber que ele também teve seus entraves por defender alguns pontos de vista que não batiam com a ortodoxia protestante em vigor. Entretanto, o que quero dizer quando menciono que não se faz teologia, ou não se lê a Bíblia sem a tradição? Quero contrapor uma visão de boa parte de meus amigos protestantes que, firmados em uma falsa noção do que seja "Sola Scriptura" (Somente a Bíblia) afirmam que somente a Bíblia é suficiente para se fazer teologia, ou para se entender todo o processo de formação do próprio cânon bíblico. E porque não é suficiente? Um dos motivos, é pelo simples fato de que, até para saber o modo pelo qual o cânon bíblico foi f

Programação Evangélica no Natal

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É triste constatar que, as principais igrejas evangélicas que se encontram na mídia, pouca ou nenhuma referência fazem ao natal. Já vi, por exemplo, no dia 24 de dezembro, no programa de uma determinada igreja, aquela mesma ladainha da auto ajuda. Passou um clip com gente em seus trabalhos, com cara de preocupado, ao som daquele louvor "O meu Deus, nunca falhará, eu sei que chegará minha vez..."  (Marca da Promessa). Vi também outro programa, no momento da pregação, com uma mensagem, ao que parece, até que edificante, mas sem nenhuma referência ao nascimento de Cristo. E ainda outro, com aqueles programas de testemunho de curas. Ou seja, os programas das igrejas que mais tempo estão nos canais de televisão, mas sem nenhuma referência ao natal. Confesso que não assisti todos os programas inteiros (não tenho paciência para tanto), mas ao que me constou, de modo geral, estas igrejas continuaram fazendo o que sempre fizeram, independente do calendário litúrgico da igreja cr

Fechados no Natal

Muitas igrejas evangélicas, bastante respeitáveis até, não têm realizado nenhuma celebração especial no dia de Natal. Os motivos podem ser dos mais diversos; motivos até mesmo plausíveis. Um pastor, muito amigo meu, de uma igreja histórica, entendeu, junto com sua comunidade, que neste momento, cada um deve ficar com sua própria família, correr atrás dos preparativos, entre outras coisas, e a igreja não deveria ser um outro compromisso em uma agenda já super lotada. Em que pese as interessantes argumentações e os plausíveis motivos, sinceramente não acho esta uma boa estratégia. O protestantismo, há muito tempo, tem sido acusado de promover talvez um dos mais radicais movimentos secularizantes que a história do ocidente já presenciou. Quando deixamos de comemorar o nascimento daquele que proclamamos ser o nosso Senhor e Salvador (ainda que em uma data simbólica), ou seja, o aniversário do nosso Mestre, contribuímos para que os principais símbolos sagrados de nossa sociedade sejam esque

A Igreja Evangélica à Luz do Materialismo Histórico

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Diferenciando-se profundamente da tradição hegeliana para a qual o motor da história era o racional, toda a insistência marxista está no sentido contrário, ou seja, o da afirmação do caráter humano, concreto, ativo, produtivo da existência. Nas condições materiais de vida, e não na consciência ou na evolução geral do espírito humano, reside o fundamento de sua concepção [1] . Segundo a concepção materialista histórica da sociedade, “as relações materiais que os homens estabelecem e o modo como produzem seus meios de vida formam a base de todas as suas relações [2] ”. As idéias, as ideologias, a moral, os sistemas jurídicos e religiosos não possuem uma existência autônoma, como que “vindas do céu”, mas ao contrário da filosofia anterior, fazem parte da superestrutura fundamentada sobre a infraestrutura que representa os modos materiais de existência de vida. Essas relações materiais podem ser chamadas de produção social dos bens, que “engloba dois fatores básicos: as forças produ